RDFQNF_VERSÃO DIGITAL_FINAL

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natural. No centro, existe uma mesa de madeira crua com bancos e

cadeiras de palha em volta. Armários com pés e várias prateleiras,

sem portas; bancadas em torno da pia de pedra rústica. Dona

Flora, com 40 dias, mãe de Tom, está em frente ao fogão a lenha

preparando a comida: sopa de adubo orgânico. Tom, com 16 dias,

aproxima-se.

TOM: mãe, quando você vai deixar eu ir com as outras hortaliças

conhecer a capital? Seu Onofre me pega e me traz de volta. Ô

mãeee.... deixa vai...

DONA FLORA: de jeito nenhum, toma juízo Tom e não insista. Você

vive insistindo com esse assunto desde que era uma sementinha,

difícil viu!! É perigoso e você só tem 16 dias, meu tomatinho fofo!

TOM: poxa, mãe, a senhora não dá trégua. Sou aluno exemplar,

nunca lhe dei trabalho, será que não mereço fazer esse passeio?

DONA FLORA: meu filho, sei que você é maravilhoso, o que desejo

é lhe proteger. A cidade grande tem seus encantos, bem verdade,

mas também seus perigos. Você ainda é jovem pra entender.

Confie em sua mãezinha. Vai chegar a hora certa de você ir e será

comigo, tá?

TOM (meio cabisbaixo): tá mãe, vou lá na horta agora ver Facinha,

não demoro.

DONA FLORA: vá e não se atrase pra tomar banho, almoçar e ir

pra escola.

TOM (se retirando): nunca consigo. Não foi dessa vez. Mas um dia,

eu consigo, ah! Eu consigo.

CENA 3 ∙ CAMINHO DA HORTA ∙ EXTERNA ∙ DIA

Estrada de chão batido com muita vegetação ao redor. Sol bate forte.

Tom caminha em direção à horta retraído e muito tristonho. Facinha

se aproxima ofegante após ter corrido para alcançar Tom.

FACINHA: ufa! Tom, você não me ouviu lhe chamar? Gritei

horrores. Tá surdo?

TOM: oi, amiga. Desculpa. Estava distraído e nem ouvi.