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PEPINO: claro que não, otário. Se tivesse, estaria rico e famoso
sem fazer o menor esforço, e não aqui imprensado.
TOM: de repente, poderia até ter me inscrito... Quem sabe (revira
os olhos).Ufa! Que calor faz aqui...
PEPINO: qual é cara, você se enfiou aqui dentro de última hora e
ainda tá reclamando? Se saia, mané. Seu Onofre sabe que você
está aqui?
TOM: psiu!! Não me dedure, já estamos chegando, por favor,
brother... (Tom se afasta).
COUVE: saia debaixo da minha saia, seu sem-vergonha!
TOM: psiu, por favor, fale baixo. Colabora vai.
COUVE: sai, sai, vou lhe empurrar, seu abusado!
TOM: ai, chega de me empurrar.
COUVE: seu pilantra, você merece uma surra.
TOM: você me deixa vermelho de raiva. Ninguém merece!
Seu Onofre chega na carroceria do caminhão para pegar as
hortaliças. Tom treme de medo. A couve continua a gritar sem parar.
COUVE: sai, sai, seu malandro!
Tom se esconde debaixo da saia da couve. A couve grita mais ainda.
SEU ONOFRE: o que foi? Por que tanta gritaria?
TOM (imitando a voz feminina da couve): é uma lagarta, Seu
Onofre. Ufa! (suspira)
Tom olha pra um lado, olha pro outro e pula do caminhão sem ser
visto.
CENA 6 ∙ FÁBRICA DE ALIMENTOS ∙ INTERNA ∙ DIA
Sala grande repleta de máquinas de seleção de verduras. Tom,
sentado em um banco ao lado de outras hortaliças, aguarda ser
chamado pra entrevista. Está tremendo e começa a suar.