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(Oficina dos Filmes) #1

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MURILO AHMED: Qual o seu nome?

LINDA (Olha para o dono do bar e diz, meio sem jeito, como a se
desmentir):
Linda! (Prossegue explicando-se ao dono do Bazar sem olhar
para Gerard Durand) Já trabalhei como faxineira e, depois,
como auxiliar de restaurante de hotel, mas, com essa crise, fui
despedida.

MURILO AHMED (Entreolhado - se com Gerard Durand):
Tempos difíceis mesmo. A senhora é daqui?

LINDA (Olha atentamente para Murilo Ahmed a consertar o
sapato):
Sim, moro no subúrbio e ainda vou pegar o transporte. Tenho que
ir logo se não fica tarde.

MURILO AHMED (Levanta a cabeça, ajeita, com a mão esquerda,
os cabelos encaracolados meio caídos sobre a testa. Entrega o
sapato a Linda com a mão direita):
Aqui o seu sapato. Dei um jeito e acho que dá pra senhora chegar
até sua casa. (Limpa as mãos no avental)

CENA 4 ∙ EXTERNA ∙ PORTA DO BAZAR ∙ NOITE

Rua antiga, estreita transversal de comércio popular com alguns
transeuntes. Murilo Ahmed abre completamente as portas quadradas
em estilo mourisco, com 1,20m de largura, duas bandas em madeira
escura com camadas de pintura sobrepostas e envelhecidas. Acima
da porta, um arco desenhado em forma de cúpula na parede, com
treliças da mesma madeira incrustadas. Do lado esquerdo, na antiga
parede amarela adamascada, na altura da porta, pendurada com
correntes, num suporte de arabescos em metal, em direção à rua,
vê-se uma placa envelhecida, levemente iluminada, na cor verde jade
e inscrição em vermelho pompeia: Bazar Emir Ahmed.

MURILO AHMED (Olha de um lado para o outro. Vê apenas o
movimento dos trabalhadores voltando para casa):
Pode ir, senhora. O pior já passou. Vá em paz.

LINDA (Sai do bazar, desvia - se dos objetos e panfletos largados
na frente, ainda cismada com os acontecimentos, olha para Murilo
Ahmed e para os transeuntes):
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