RDFQNF_VERSÃO DIGITAL_FINAL

(Oficina dos Filmes) #1

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Mauro abaixa a cabeça e uma gota de lágrima cai dentro do seu
copo de café. Sua mãe retira do bolso um terço. Ela se levanta e vai
em sua direção.

MÃE: Esse terço foi de sua avó. Ela me deu quando eu tinha a sua
idade. Eu estou tão feliz com esse momento.

Quando sua mãe vai colocar o terço em seu pescoço, Mauro é
acordado por seu amigo.

EMERGÊNCIA ∙ INT ∙ EMERGÊNCIA HOSPITAL ∙ NOITE

AMIGO: Acorda, homem! Chegou a sua vez. A médica já vai te
atender.

O CHAMADO ∙ INT. HOSPITAL ∙ NOITE

MAURO: Então, doutora, meu caso é muito sério? Vou precisar ser
internado?

MÉDICA: Precisaremos fazer uma bateria de exames para que eu
possa te diagnosticar melhor.

Nesse momento, Mauro olha fixamente para a médica e nota que ela
está com ìlẹ̀kẹ̀* no pescoço.

Mauro sente um arrepio e de repente uma voz sussurra ao seu
ouvido. É um homem negro, alto, vestido com um terno branco,
impecável, gravata vermelha de cetim, uma echarpe vermelha em
volta do pescoço, os sapatos pretos, bem lustrados. Na cabeça,
ele usa um chapéu branco com uma fita vermelha em volta. É a
entidade espiritual de origem afro-brasileira conhecida como Zé
Pilintra*.

ZÉ PILINTRA: Toma coragem, nego... Já chega de ficar fugindo.
Tá na hora de assumir sua ancestralidade.

Mauro se levanta da cadeira assustado e, com o corpo contraído,
coloca as duas mãos sobre a mesa.

Zé Pilintra, agora, aparece em pé atrás da médica e diz para Mauro.

ZÉ PILINTRA: Ande, homem. Pergunte onde é a casa dela.
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