166
Mauro começa a suar e se senta novamente. Meio sem jeito e sem
coragem ele olha para a médica.
MAURO: Doutora, onde é que fica a sua “casa”?
MÉDICA: Não entendi a sua pergunta. O senhor está bem?
Ele olha fixamente para a médica e pergunta novamente. Só que
dessa vez aponta para o pescoço dela.
MAURO: Quero saber onde fica a casa que cuida da senhora.
MÉDICA: Pelo visto o senhor também recebeu o seu chamado
né? Eu sei bem o que é isso. Aqui está o endereço e o telefone do
terreiro. Vou te passar o meu contato caso você fique com dúvidas
de como chegar.
O MENSAGEIRO FARDADO ∙ INT. CORREDOR HOSPITAL ∙
NOITE
Mauro sai da sala da médica com a guia dos exames e o papel com
o endereço do terreiro. Ao fechar a porta, ele vê uma lata de lixo a
sua frente. Sem pensar muito, ele joga o papel fora e, passando pelo
corredor, vai em direção à porta que dá acesso à sala de espera.
SEGURANÇA: Eu acho que o senhor deveria voltar e pegar o papel
que jogou no lixo. Vai jogar seu destino fora outra vez?
É Zé Pilintra novamente. Desta vez, ele usa a boca do segurança para
transmitir a sua mensagem.
Assustado, Mauro retorna e pega o papel. Ele o desamassa e coloca
no bolso de trás da calça.
SEGURANÇA: Fez muito bem. Que Èṣù lọ̀na* abra seus caminhos.
Mauro faz o sinal da cruz e sai apressadamente.
EMERGÊNCIA - INT. EMERGÊNCIA HOSPITAL – NOITE
AMIGO: O que foi, negão? Parece que viu assombração.
MAURO: Pior que isso, amigo...pior que isso! Vamos logo sair
daqui.