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Inu re ni Ogun ti jade
Inu re ni Ode ti jade
Inu re ni Olosa ti jade
Ko wa gbo igbe ebe mi
SEVERIANA: Me ensina essa reza, tia.
DONA DETINHA: Mãe Yemanjá, eu chamo a vós.
Mãe dos filhos peixes, eu chamo a vós.
A rainha que tornou a mulher boa pra ter filhos, eu chamo a vós.
A mãe que tornou pobre em rico, eu chamo a vós.
Dentro de vós, saiu Olokun, Ogun, Oxóssi.
Eu clamo a vós pra ouvir meu grito.
As ondas chegam mais fortes e quebram com força. Dona Detinha
volta com Severiana para perto das marisqueiras. O trabalho continua.
DONA DETINHA: Chega de moleza, vamo trabalhar. Nós tem que
encher os baldes de marisco, tem que se unir, acabar com esses
atravessadores, vender direto aos donos de restaurante na cidade.
HELENA: A senhora, em vez de ter pé no chão, é quem mais
sonha.
DONA DETINHA: Né sonho não. A idade dá sabedoria. Nós tem
que ter uma “sociação” de marisqueira.
As mulheres ouvem, mas não se movimentam.
Elas vão embora com os baldes de mariscos.
CENA 19 ∙ CAMINHO DA VILA ∙ EXT ∙ DIA
Ana e Helena vão levar os mariscos para vender. Severiana está
calada todo o tempo. Nem mesmo Jão consegue fazer a prima falar
ou sorrir.
JÃO: O gato mordeu sua língua?
Severiana permance de cabeça baixa e em silêncio.
JÃO: Tá de calundu uuuuuuu, a e i o u.