199
Jão ri. Severiana continua séria e triste.
CENA 20 ∙ FEIRA ∙ EXT ∙ DIA
Na feira, as mulheres estão tentando vender os mariscos. É uma feira
típica do interior da Bahia. Severiana e Jão percorrem a feira.
SEVERIANA: Duque morreu.
JÃO: Antes ele do que eu.
SEVERIANA: Larga de ser ruim. Ele é nosso amigo.
JÃO: Tava brincando, só pra cê sorrir, mas foi mal. Desculpa. Mas
ele tava bonzinho. Morreu de quê?
SEVERIANA: Veneno de rato.
JÃO: Vixe! Chumbinho mata na hora. A pessoa revira os olhos e se
estribucha toda.
SEVERIANA:Chumbinho mata gente também?
JÃO: Vamo ali no armazén pra experimentar?
As crianças riem.
SEVERIANA: Não acho graça.
JÃO: Cê deu risada, Severiana calundu, a e i o u.
CENA 21 ∙ CASA DE SEVERIANA ∙ INT ∙ TARDE
Severino está cheio de cachaça, reclamando de tudo.
SEVERINO: Cadê essa comida? Que mulher lerda da desgraca!
Severiana e Ana estão preparando umas pitintigas fritas com farofa
e tomates. Elas servem a mesa. Severiano passa a mão, abraçando
a cintura da filha, quando ela coloca os pratos e os talheres perto do
pai. Ana olha zangada. Eles comem em silêncio, o mesmo ritual de
sempre. Silêncio, cachaça e mágoa. Severiana quase não se mexe e
pouco come.
Severiana tira a mesa. A mãe vai fumar um cigarro na janela. O pai