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(Oficina dos Filmes) #1

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Jão ri. Severiana continua séria e triste.

CENA 20 ∙ FEIRA ∙ EXT ∙ DIA

Na feira, as mulheres estão tentando vender os mariscos. É uma feira
típica do interior da Bahia. Severiana e Jão percorrem a feira.

SEVERIANA: Duque morreu.

JÃO: Antes ele do que eu.

SEVERIANA: Larga de ser ruim. Ele é nosso amigo.

JÃO: Tava brincando, só pra cê sorrir, mas foi mal. Desculpa. Mas
ele tava bonzinho. Morreu de quê?

SEVERIANA: Veneno de rato.

JÃO: Vixe! Chumbinho mata na hora. A pessoa revira os olhos e se
estribucha toda.

SEVERIANA:Chumbinho mata gente também?

JÃO: Vamo ali no armazén pra experimentar?

As crianças riem.

SEVERIANA: Não acho graça.

JÃO: Cê deu risada, Severiana calundu, a e i o u.

CENA 21 ∙ CASA DE SEVERIANA ∙ INT ∙ TARDE

Severino está cheio de cachaça, reclamando de tudo.

SEVERINO: Cadê essa comida? Que mulher lerda da desgraca!

Severiana e Ana estão preparando umas pitintigas fritas com farofa
e tomates. Elas servem a mesa. Severiano passa a mão, abraçando
a cintura da filha, quando ela coloca os pratos e os talheres perto do
pai. Ana olha zangada. Eles comem em silêncio, o mesmo ritual de
sempre. Silêncio, cachaça e mágoa. Severiana quase não se mexe e
pouco come.

Severiana tira a mesa. A mãe vai fumar um cigarro na janela. O pai
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