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(Oficina dos Filmes) #1

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é tua, Deusimar. Então trata bem da vida.

PESSOA 3: Alguém tira esse velho daqui.

O Lanterninha se aproxima de Joca Baleiro.

LANTERNINHA: Seu Joca, o senhor está atrapalhando a sessão.
Pare, por favor, ou terá que sair.

Joca Baleiro não escuta o que o Lanterninha diz e continua
encenando o monólogo.

JOCA BALEIRO: Faz assim ó, faz carinho na vida. Não maltrata a
vida não. O bar tu vende, agora a vida é tua. A vida é tua. Até o
fim. A vida é tua até o fim.[...]

O Lanterninha conduz Joca Baleiro até a saída, pegando-o com uma
mão pelo braço e apoiando a outra em suas costas.

CENA 5 ∙ INT. ∙ SAÍDA DO CINEMA ∙ NOITE.


O Lanterninha deixa Joca Baleiro do lado de fora da sala e fecha a
porta. Joca Baleiro continua de olhos fechados e dando o texto do
monólogo. O ritmo da fala de Joca Baleiro não acompanha mais o
tempo do ator do filme. Joca Baleiro está parado de costas para a
porta da sala.

JOCA BALEIRO: [...] A vida é tua. Até o fim. A vida é tua até o fim.

CENA 6 ∙ INT. ∙ SALA DE PROJEÇÃO ∙ NOITE


O monólogo na tela acabou e cortou para a reação de Deusimar.

CENA 7 ∙ INT. ∙ SAÍDA DO CINEMA ∙ NOITE.


Com os olhos fechados, Joca Baleiro pega um punhado de balas do
seu baleiro, aperta forte e solta as balas devagar.

JOCA BALEIRO: Tu vai pegar esse dinheiro aqui. Aí tu vai atrás.
Tu vai atrás do teu sonho, vai atrás do teu amor. Entendeu? Aí
quando tu tiver bem feliz, aí tu lembra de mim, por favor. Como
se eu tivesse direito, como seu eu fosse gente, lembra de mim.
Por favor. Vai por ti e por mim. A vida tá correndo, Deusimar. Vai
embora daqui, por favor.
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