Ela começa a ir embora, seus sapatos amarelos em destaque
no verde da grama.
— Isso é uma história triste esperando pra acontecer — ela
resmunga, sua voz quase inaudível. Quando ela chega na trilha,
ela se vira para me olhar. — Apenas amigos, Kyle — ela diz. —
Era esse o acordo.
Concordo com a cabeça, observando-a ir embora,
desaparecendo por entre as árvores. Então olho para baixo e
vejo um dente-de-leão amarelo ao meu lado.
Eu o pego, pensando em como teria sido beijá-la, penso nos
olhos dela fixos nos meus lábios há poucos minutos. Talvez Sam
esteja certo sobre outra coisa também.
Eu quero mesmo ser só amigo de Marley?
Na quinta de manhã vou até o cemitério. Eu ainda tenho muita
coisa para entender, mas acho que finalmente tenho as palavras
certas para dizer a ela. Para Kimberly.
Eu congelo quando vejo uma figura ajoelhando diante do
túmulo dela e um braço comprido se esticando para colocar um
grande buquê de tulipas contra a lápide.
Sam.
Claro.
— As tulipas — digo quando me aproximo. — Eram suas.
— Eram as flores favoritas dela — ele diz, seus olhos focados
na lápide. KIMBERLY NICOLE BROOKS.
Eu me ajoelho sobre a minha perna rígida e passo a mão pela
pedra irregular.
— Não é justo — Sam diz, me observando. — Você está
seguindo em frente. Ela não pode. Isso deve ser uma coisa
babaca de se dizer, mas...
— Eu entendo, Sam. Acredite em mim, eu me sinto um
babaca constantemente. Indo comprar sorvete. Vendo filmes no
sofá. Até rindo. Tudo isso parece errado sem ela. Mas se isso for
verdade, nós dois vamos passar o resto das nossas vidas presos
bem aqui — eu digo, apontando para o cemitério a nossa volta,
para a lápide de Kimberly.