aquele dia no cemitério, e uma ideia me vem à mente.
— Histórias. Você disse que nós dois poderíamos ser
contadores de história, certo?
Ela assente com uma expressão pensativa.
— Bom, eu quero ouvir uma história sua — digo. Ela se
endireita e cruza os braços. — Tudo o que você me disse
naquele primeiro dia foi “Era uma vez...”
— De jeito nenhum — ela diz, os ombros tensos. — Eu não
tenho ideia se elas são boas ou não. Quer dizer, e se você as
odiar?
— Eu vou amá-las. Eu sei que vou — prometo.
— Você não pode prometer uma coisa assim — Marley diz
com uma risada.
— Por favor! — Eu peço, e consigo ver a hesitação no rosto
dela. O silêncio se prolonga entre nós até que ela finalmente o
quebra, soltando um suspiro longo e dramático.
— O.k... mas só se eu puder ler alguma coisa sua também.
Eu fico tão feliz por ela concordar que aceito a troca antes de
notar com o que concordei.
Droga, ela é boa.
Ela ergue o mindinho. Eu enrolo o meu no dela, prometendo.
Nossas mãos se demoram, os dedos deslizam na direção das
mãos até a dela estar totalmente dentro da minha.
É como acordar de novo. Todas as fibras do meu ser parecem
vivas e querem acabar com a distância entre nós. Um movimento
mínimo é como um terremoto.
— Marley... — eu começo a dizer, mas ela se afasta
rapidamente, seus olhos fixos nos meus lábios.
— Você sentiu isso? — Ela sussurra.
Eu senti. O ar em volta de nós vibra, o espaço entre nós
racha.
Eu estico a mão para pegar na dela de novo, mas assim que
meus dedos a tocam, ela se afasta de mim, deixando esse
momento. Ela levanta rapidamente e limpa suas roupas, enfiando
abruptamente as mãos na jaqueta jeans.
— Tenho que ir.
— Marley — eu digo, me recompondo. — Você não precisa ir.
car0l
(CAR0L)
#1