conseguir saber a verdade é chocá-lo com ela. A boca dele se
abre de surpresa, o que me diz que estou certo. Eu não podia ter
inventado tudo. Eu sabia.
Ele se recupera rapidamente e me lança um olhar cético,
apontando para a bolsa de remédios ao meu lado.
— Que tipo de drogas estão te dando?
Eu o encaro por um longo tempo, mas ele não se deixa
incomodar.
Eu deixo para lá e tento sorrir, apontando para minha testa.
— Cérebro em coma. Desculpa.
Os ombros dele relaxam e ele cai na cadeira em que a dra.
Benefield estava.
— Cara, você ficou fora por semanas. De onde raios isso
veio? — Ele pergunta, me olhando.
Faço uma pausa. Ele provavelmente vai achar que estou
doido, mas... tudo já está doido, então que importa? Isso tudo é
um sonho, de qualquer forma. Logo vou acordar e estar
novamente com Marley.
— Você me disse no futebol de sábado. Depois que a Kim
morreu — eu digo e os olhos dele se arregalam. — No acidente.
— A boca dele cai e ele tentar falar, mas eu prossigo. — Eu
acordei, Sam. Eu acordei um ano atrás, nesse quarto, e você
estava aqui e você não disse nada, mas você estava chorando
e...
— Isso é loucura. Kim está bem...
— Só escute — eu digo, cortando-o.
Então eu arrisco e conto tudo a ele. Sobre Kim não estar mais
aqui. Os meses sem fazer nada, desejando que eu também
tivesse partido. Nossa briga no parque. As tulipas. Como
percebemos o que precisávamos fazer, quem precisávamos ser.
O que precisávamos deixar ir.
Mas, principalmente, eu conto a ele sobre a garota no
cemitério vestindo o suéter amarelo. A menina que me salvou. A
garota por quem eu me apaixonei. Eu conto a ele sobre Marley.
Ele escuta até o fim, uma expressão chocada no rosto.
Depois de um longo silêncio, ele diz:
— Uma alucinação? Um sonho, talvez?
car0l
(CAR0L)
#1