Todo Esse Tempo - Rachael Lippincott

(CAR0L) #1

de rosa pálido. Eu disse isso a Marley mais cedo quando nos
sentamos sob a cerejeira e ela assentiu, com o rosto pensativo.
A irmã dela também gostava de rosa. Por isso ela tinha
parado na cerejeira.
Até aquele momento, eu tinha guardado todas as lembranças
de Kim para mim, mas falar delas com Marley de alguma forma
tornou a recordação menos dolorida. Fazia meses que eu não
me sentia confortável assim com alguém.
Isso não é como eu imaginei que seriam as coisas com
Marley.
Chuto meus sapatos para longe e me enfio na cama
suspirando fundo, puxando as cobertas acima da cabeça. Uma
parte de mim se sente fraca, como se eu tivesse traído Kim para
poder me sentir melhor, mas a culpa não me consome mais
como antes.
Frustrado, eu me viro de lado. Não sei mais o que é a coisa
certa.
Não sei mais de nada.
Encaro a escuridão embaixo da coberta, deixando que ela me
envolva. Não sei quanto tempo fico ali, mas por fim sou acordado
pelo som do telefone tocando, o pôr do sol do lado de fora da
minha janela agora substituído pela escuridão da noite.
Meio atordoado, eu tateio pela minha mesa de cabeceira até
meus dedos finalmente encontrarem meu celular. Deve ser Sam.
Olho para ele e fico surpreso de ver a tela preta. Não há
nenhuma ligação, mas o toque não para. Se não é meu telefone,
então de onde vem?
Então me sento, tentando entender.
Eu não tenho um telefone fixo no quarto. O telefone da casa
fica lá em cima e o celular da minha mãe deve estar com ela.
Ainda assim, um telefone toca em algum lugar por aqui.
Uma onda de pavor me toma quando meu olhar recai na
bolsa de Kimberly que está em cima da minha escrivaninha. Não
é possível. Eu vou até lá, meu coração martelando alto no peito.
O toque definitivamente vem dali de dentro. Eu abro a bolsa com
tudo. O celular de Kimberly, com sua capinha azul de glitter, está
no fundo, a tela piscando com as palavras NÚMERO DESCONHECIDO

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