Restinga Paralela = Parallel Restinga

(Vicente Mussi-Dias) #1
Formação da planície fluviomarinha do Paraíba do Sul na atualidade,
segundo Martin Suguio, Dominguez e Flexor

Formation of the current fluvial marine plain of Paraíba do Sul, accor-
ding to Martin, Suguio, Dominguez and Flexor

Conquanto consagrada, a categoria vegetação
de restinga revela-se imprópria e induz a erro de com-
preensão porque este tipo de vegetação não medra
apenas em terrenos de restinga, mas também em lito-
ral escarpado. O litoral oceânico brasileiro não é todo
constituído pela formação geológico-geomorfológica
de restinga. Eis por que propomos a nomenclatura ve-
getação psamófila e rupícola costeira. Psamófila por
apreciar solos arenosos. Rupícola por desenvolver-se
em substrato rochoso. Costeira para distingui-la da
vegetação psamófila e rupícola em áreas interioranas.


Sampaio desce ainda a detalhes quanto à flo-
ra psamófila em sua dimensão heteróclita, na medida
em que as restingas apresentam variações topográ-
ficas e pedológicas. Assim, ele distingue, como inte-
grando a flora psamófila, a flora xerófila lenhosa dos
lugares altos, a flora higrófila das baixadas úmidas e
a flora hidrófila dos alagados e lagoas(46).


Há uma lacuna sobre as biotas costeiras da
região norte fluminense. Duas hipóteses podem ser
levantadas para explicá-la. Ou a fartura de lenha e
de madeira de lei extraídas das matas estacionais
levou os colonos de origem europeia a desprezar as
árvores da planície de restinga até época recente ou
o item madeira, tanto para consumo interno quanto
para exportação, na sua genericidade, inclui também
a biomassa lenhosa obtida nas matas costeiras. Sa-
be-se que o séquito dos sete capitães já fazia corte
de árvores em pequena escala, provavelmente com
um pouco mais de intensidade do que o praticado pe-
los indígenas. Na segunda viagem empreendida por
eles, em 1633/1634, foram deixados dois machados,
três facões e cinco enxadas para o curraleiro Valério
da Cursunga e para os náufragos encontrados entre
os índios pelos fidalgos. Tudo indica, porém, que as
matas mais visadas situavam-se nos terrenos mais
elevados da planície fluvial, mais densas e de maior
porte(10).


Em seu livro de estreia, Alberto Ribeiro La-
mego devota grande desprezo pela vegetação nativa
psamófila costeira, valendo-se indevidamente dos
ensinamentos do botânico campista Alberto José de
Sampaio. A seu juízo:


No solo das lezírias e restingas,
a vegetação halófila, esclerófila
e trofófila transborda em exube-
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