AGOSTO QUATRO RODAS 105
la apenas um design bem pensado
e um porta-malas surpreendente-
mente grande. Os botões são gran-
des e fáceis de usar. A tela do GPS
está dentro do painel de instrumen-
tos, na sua linha de visão. Os bancos
são confortáveis e apoiam bem.
Já faz mais de 100 anos que a
humanidade fabrica automóveis, e
o TT mostra que a Audi está na sua
melhor forma. Todas aquelas coisas
que antigamente nos irritavam de-
sapareceram. Agora só existe uma
muralha de bom senso sobre uma
bela base de pragmatismo.
Felizmente, no entanto, o TTS
Roadster reservava algumas sur-
presas. A primeira chegou como
um esterco de elefante no meio de
um programa infantil, quando fui
dar uma volta pelo centro de Lon-
dres. A pavimentação das ruas da
região é ruim – não tanto quanto
as de Nova York, mas o suficien-
te para ser incômoda em qualquer
carro que não esteja acertado para
trafegar por elas. E o TTS ficou se
sacudindo inteiro. Eu coloquei a
suspensão no modo Comfort, mas
o problema continuou. Ou seja,
não é um carro em que seu pas-
sageiro vai ser capaz de teclar um
texto coerente. É claro que se pode
argumentar que isso ocorre porque
se trata da versão S de um cupê es-
portivo. E eu não me incomodaria
com os solavancos, mas para que
serve um modo Comfort quando
ele não traz nenhum conforto real?
Mais tarde eu saí de Londres para
uma viagem ao interior e, mui-
to antes de chegar à rodovia M25,
tive de parar e verificar se a capota
estava vedando corretamente. Ela
estava. Logo, o carro é barulhento
de propósito. Você pode ouvir cada
átomo esfregando na capota de te-
cido até o limite de velocidade da
rodovia, quando seus gritos angus-
tiados são abafados pelo espantoso
ruído dos pneus. É um carro que vai
lhe dar uma dor de cabeça.
O dia seguinte estava ensolara-
do, por isso baixei a capota do Audi
e dirigi em estradas secundárias até
um bar. E o serviço normal voltou.
Tudo foi adorável. Se fosse um fil-
me, seria Vingadores: Ultimato, um
maravilhoso exemplo do cinema
do século 21. Ao chegar ao campo
aberto, estava ventando bastante.
Mas então encontrei um botão que
levanta um pequeno defletor atrás
dos bancos e, depois que o apertei,
o vento sumiu.
Eu senti falta da aceleração do
TT RS e do seu ruído, mas o modelo
TTS é bem menos caro e, pelo seu
preço, foi tudo o que eu poderia es-
perar. O conforto da suspensão, tão
ruim na cidade, tornou-se supor-
tável, a direção estava adorável e
também teve uma coisa muito boa:
foi o primeiro Audi TT que dirigi
recentemente que não veio com
freios barulhentos.
Então, eu compraria um? Bem,
não. O ruído na rodovia é alto de-
mais e eu passo tempo demais
sacolejando pelas poucas ruas
de Londres que ainda não foram
transformadas em ciclovias. Mas
há mais do que isso: é porque um
carro desse tipo nunca me atrairia
para uma voltinha. Toda essa po-
tência, centenas de quilômetros de
espaço livre para a cabeça, tração
nas quatro rodas e, sabe o quê? Vou
a pé. Preciso me exercitar.
Imagino que seria a mesma coi-
sa com o Mercedes-Benz SLC e o
novo BMW Z4. Eu não andei em
nenhum deles, mas suspeito que
ambos sofrem do mesmo proble-
ma que o Audi: a incapacidade de
lhe lançar um olhar sedutor. Elas
são apenas máquinas muito, mui-
to boas, mas o que você realmente
quer de um conversível esportivo é
algo diferente, algo a mais. E é por
isso que eu preferiria ter um infi-
nitamente mais terrível Triumph
TR6, mesmo quebrando sempre
que estivesse frio e superaquecen-
do toda vez que fizesse calor.
O Audi TT é o carro
emocionante
menos empolgante
já feito. É como o
cumprimento de
um diplomata: vem
com um sorriso
radiante e um
terno impecável,
mas é incapaz de
causar arrepios Enfim, uma coisa boa: é o primeiro TT sem freios barulhentos
CLARKSÔMETRO
Audi TTS Roadster
Motor: gasolina,
4 cil., turbo, 1.984
cm^3 , 306 cv a 5.400
rpm; 40,8 mkgf a
2.000-5.300 rpm
Câmbio: automá-
tico, 7 marchas,
tração 4x4
Desempenho: 0 a
100 km/h em 4,8s;
vel. máx. de 250 km/h
Peso: 1.570 kg
Preço no
Reino Unido:
46.360 libras
(R$ 221.000)
Avaliação
do Jeremy:
antfer
(Antfer)
#1