QUANDO O MÊS DE JUNHO CHEGAR...
Seabra, 06 de Junho 2021.
O choque de temperatura
denunciou a mudança, não só de
cidade, mas principalmente do
mês. As sete horas dentro daquele
ônibus, no frio artificial do ar-
condicionado já era costumeiro, e
nem de longe se parecia com o
frio gostoso de minha cidade
natal. Mas ali, naquela rodoviária,
às 2 horas da madrugada senti os
arrepios intensos que amava
sentir. Já nessa espera, estava
preparada com um moletom que
deixara à mão numa sacola, mas
que até então não sentira
necessidade, ou vontade, de usar.
Mas chegara o momento de usá-
lo. Tirei o moletom da sacola e o
vesti com um prazer inenarrável.
Me afastei um pouco do ônibus e
das pouquíssimas pessoas que
ainda estavam ali, e, antes mesmo
de pegar as malas abaixei a
máscara, respirei fundo e soltei
um baforada de ar quente pela
boca, liberando a tão desejada
fumaça branca a que meu
sobrinho tanto se referira nos
últimos dias em uma tentativa
inútil de a produzir sem a
temperatura propícia. Crianças...
Que sensação inebriante
experimentei. Desejei meu
sobrinho ali, sentindo aquele
mesmo prazer naquele momento.
O frio doía a garganta, os dedos
(dos pés e das mãos) e
principalmente o nariz que,
mesmo coberto com a máscara
também o sentia.
Voltei ao ônibus, peguei as malas
e me dirigi ao ponto de taxi. Ali
dentro comentei com o condutor o
quanto aquele clima faz falta na
capital. Fazia 14° C e eu me
remeti aos dias mais frios do
inverno seabrense, quanto
chegávamos a menos 10° C
facilmente. Cheguei em casa e me
vi obrigada a encarar o chuveiro.
Nossa, que suplício! O abri com
um simples toque, praticamente
fechado, na tentativa frustrada de
manter a água o mais quente
possível, mas era em vão. A água
quente não foi capaz de me
aquecer, tremia enquanto passava
o sabonete rapidamente querendo
me libertar o mais rápido possível
daquela obrigação higiênica e, no
atual momento, de saúde.
Saí do banheiro me tremendo
tanto que nada, absolutamente
nada me aquecia. Vesti
rapidamente o primeiro pijama
que estava ao meu alcance e me
enfiei embaixo da coberta para
finalizar aquela última noite de
maio e, finalmente, vivenciar o