A sra. já disse que Ciro Gomes, que era seu admirador e passou a criticá-la
depois de seu voto a favor da reforma da Previdência, em 2019, só se
opôs ao projeto aprovado na Câmara por razões eleitorais, e não
ideológicas. Foi uma decepção?
O Ciro sempre soube da minha posição (a favor da reforma), até porque
essa era a posição dele. No dia da votação, eu liguei para ele e ele me
disse que o (Carlos) Lupi (presidente do PDT) não tinha mudado de
posição. E falou que era para eu votar contra, porque política é assim.
Expliquei minhas razões, falei que era um projeto completamente
diferente do que veio do governo, construído na Câmara, muito parecido
com o que ele (Ciro) havia defendido. Desliguei o telefone achando que
estava tudo bem, mas depois comecei a receber os links de tudo o que ele
estava falando de mim no dia seguinte. Obviamente, fiquei magoada.
Analisando friamente, entendo que ele precisava, na cabeça dele, fazer
naquele momento um movimento à esquerda. O Lula estava preso, o PDT
achava que poderia herdar os votos do PT e ele me viu como alvo fácil
para fazer esse ponto. Foi extremamente machista e autoritário. Nesse
sentido, ele só se iguala a boa parte das nossas lideranças políticas. Foi
uma decepção, muito difícil, mas um aprendizado do que vou encontrar
quase que diariamente por muitos anos ainda. Coube a mim mostrar que
política não é assim, tem espaço para uma política diferente. E eu não sou
um alvo fácil. Posso ter aparência de uma menina, mas luto com firmeza,
convicção e coragem por aquilo que acredito.
Pedro
Ladeira/Folhapress
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