Crusoé - Edição 180 (2021-10-08)

(Antfer) #1

diversos e, então, terá recursos de sobra para pagar as dívidas contraídas.
No jargão econômico é o spend and tax: gaste agora e tribute depois.


Como a conta é alta, Biden quer elevar os impostos dos mais ricos. Se
possível, o quanto antes. A medida é apoiada por mais de 60% da
população americana, principalmente pelos jovens democratas
entusiasmados com a política. O presidente pretende elevar de 20% para
39,6% o imposto de pessoas físicas que ganham mais de 400 mil dólares
por ano. Dessa maneira, ele anteciparia o fim de uma desoneração
realizada pelo seu antecessor, Donald Trump.


No Brasil, muitos especialistas entendem que o mecanismo atual de
cobrança de impostos reforça as desigualdades, em vez de reduzi-
las. Olhando apenas para o imposto de renda, pode-se concluir que o
sistema já é progressivo, ao penalizar aqueles com renda maior –
brasileiros que ganham até 1,9 mil reais por mês não precisam declarar
seus ganhos. Em geral, só quem paga imposto de renda são as pessoas
com rendimentos acima desse patamar, que têm os valores descontados
na fonte, e os que têm aplicações financeiras. Mas o quadro se inverte
quando são levados em conta os impostos indiretos. Essas taxas estão
embutidas nos preços dos produtos, do sapato ao carro.


“O sistema americano, mesmo antes da reforma de Biden, já poderia ser


considerado mais progressivo que o brasileiro”, diz o economista Nelson


Barbosa, que foi ministro do Planejamento de Dilma Rousseff. “Se olhar a


tributação como um todo, incluindo os impostos indiretos, podemos dizer


claramente que os pobres pagam mais que os ricos.”


Lucas


Tavares/Folhapress


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