Crusoé - Edição 180 (2021-10-08)

(Antfer) #1

Reprodução “O


fracasso do populismo de esquerda levou ao populismo de direita”


Como alguém se torna prisioneiro da anatomia ou da cor da pele?


A ideologia hoje dominante congela a história da Humanidade em seus


inícios, definindo grandes arquétipos ou caricaturas. Assim, quem nasce


homem no século XXI está na obrigação de carregar o fardo das antigas


sociedades patriarcais. Mas essas sociedades há muito tempo não


existem nos países democráticos do Ocidente. O patriarcalismo, hoje,


vigora em países muçulmanos, em sociedades da África Negra, em


extensões asiáticas. Enquanto isso, no nosso mundo ocidental, Nicole


Kidman e Fernanda Torres levam a vida que bem entendem e ninguém


tem nada a ver com isso. A criação desses arquétipos é o que se chama de


identitarismo, o qual condena recém-nascidos ao confinamento num


passado às vezes pré-histórico. O revolucionário negro Frantz Fanon dizia


que não iria desperdiçar sua vida tentando vingar os negros do século


XVIII. Claro. Mas é essa a postura identitária. O homem negro, portanto, é


prisioneiro de sua anatomia. Com o homem branco é a mesma coisa. Um


garotinho branco recém-nascido hoje, num bairro de classe média de


Recife, por exemplo, é acusado de crimes cometidos por senhores


escravistas do sul do Estados Unidos, ao longo do século XVIII. É uma coisa


absolutamente caricatural. E paralisadora. Além disso, o branco é sempre


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