ELISA-BERNAL-MINHAS-CONVERSAS-COM-ALEGRÍA (1)

(MARINA MARINO) #1

temos todos para ver o mundo, ou esta realidade. Porém, dentro
de mim, algo me disse que não, que não era assim; embora eu
ainda não quisesse ver. Quer dizer, eu também me deixava
arrastar, ou queria deixar-me arrastrar por tudo isso que me
diziam, mas, como digo, no fundo não acreditava, não me
enquadrava. Comentavam coisas e eu captava, dizia, sim, é
verdade. No entanto, depois já não acreditava mais. Aquilo era
um “sim” mental, Mas um “não” dentro de mim.


A: E, graças a tudo isso, estamos aqui sentados.


E: Digamos que para mim deu trabalho dar-me conta de tudo isso,
apesar das críticas que eu também tenho com respeito a você (à
nossa relação) e que vinham de todos os que nos rodeavam. E,
sim, eu podia entender, mas havia algo em mim que não, que
não... Eu reconhecia, mas não queria ver. Isso é difícil, posso
entender que as pessoas tenham a própria opinião, do
personagem que resiste. Mais fácil é seguir no rebanho, do que se
virar e ver que isto não vai, que há algo que não vai. Neste sentido,
desde que eu era pequena, já havia algo que não ia comigo, algo
que não se encaixava, mas eu nunca soube o que era. Porque o
personagem resistia em admitir a verdade, não a aceitava. A
verdade é tão tremenda, não sei bem como descrevê-la, que
adjetivo adicionar a ela, com que verbo nomeá-la. Porque a
verdade assusta!


A: A coisa mais próxima da verdade seria a simplicidade em sua
forma mais pura.


E: Para você seria isso, para o personagem é horrível descobrir
que não somos nada, descobrir a farsa e tudo isto que estamos
descobrindo.

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