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O Estado de S. Paulo/Nacional - Internacional
sábado, 13 de novembro de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas
explorando conceitos após adquirir habilidades
tradicionais, explica Bill Evers, do Independent Institute,
um centro de pesquisa e pensamento de Oakland.
Esses métodos são familiares a muita gente. Para
adições de dois dígitos, os estudantes aprendem a fazer
conta no papel. Na adição 27 + 45, 0 27 é grafado sobre
o 45. Some a primeira coluna (7 +5=12). Escreva o 2
abaixo e suba o 1 para a coluna da esquerda. Some a
coluna da esquerda (1+2+4=7). Escreva o número 7
abaixo. À resposta é 72.
Progressistas normalmente são favoráveis a uma
abordagem conceitual da matemática, com base em
resolução de problemas e obtenção de consciência
numérica, com menos ênfase em algoritmos e
memorizações. Em contraste à estratégia conservadora,
os estudantes aprendem diferentes formas de resolver
um problema, valendo-se de objetos e outros
elementos, antes de aprender algoritmos.
Para a adição 27 + 45, OS estudantes somariam os
dígitos em um lugar (7 +5=12) e as dezenas em outro
(20 + 40 =60) - e depois somariam os resultados para
chegar à resposta 72. Ou eles poderiam perceber que o
27 está a três dígitos de 30. Daí, poderiam adicionar 3 e
chegar a 30. E depois adicionar 45 e subtrair 3 para
chegar a 72. Estratégias conceituais de matemática
estimulam os estudantes a encontrar várias respostas
possíveis para um mesmo problema e adquirir
consciência numérica, em vez de depender de um
algoritmo.
Apesar de a maioria dos professores concordar que a
educação em matemática é abaixo da média nos EUA,
eles têm sido incapazes de concordar a respeito de
maneiras de melhorar a situação. Copiar métodos
usados nos países mais bem colocados nos rankings de
matemática, como Cingapura, poderia ser um caminho.
Mas isso necessitaria de um consenso a respeito do
que realmente é ensinado nesses países. Segundo
Evers, currículos asiáticos bem-sucedidos refletem a
posição clássica. 'Que país você acha que adotou
totalmente métodos progressistas de educação e é
bem-sucedido? Na China é grande a dependência em
relação aos professores. À matemática em Cingapura é
a melhor do mundo - e não é progressista', explica
Evers. Mas Schoenfeld reconhece que países como
Japão e Cingapura implementam currículos conceituais.
Parte da confusão nos EUA advém da atrapalhada
implementação do mais recente currículo em
matemática, o Common Core. Adotado em 2010, sob o
governo Barack Obama, 41 Estados e o Distrito de
Colúmbia adotaram seus princípios. Texas, Flórida e
vários outros Estados os rejeitaram. Apesar de
inicialmente ter sido uma iniciativa bipartidária, o
Common Core acabou finalmente criticado por ambos
os lados. Alguns o consideraram um exemplo de
educação progressista.
Agora que resultados de testes estão chegando, muitos
conservadores alegam que as notas em queda
demonstram o fracasso do Common Core e dos
professores progressistas. Mas apoiadores do atual
currículo não estão dispostos a desistir. Ainda que as
notas na Naep tenham caído entre os alunos de 13
anos, elas permaneceram estáveis entre as crianças de
9 anos que estudarão segundo o Common Core por
toda a vida escolar.
ATIVISTAS. Para atrapalhar ainda mais essa confusão,
ativistas de extrema esquerda têm somado métodos da
matemática conceitual a conceitos mais radicais. Muitos
dos que se opõem à matemática conceitual acreditam
que o Common Core - e a matemática conceitual, em
geral - bane o aprendizado por memorização, como nas
tabuadas de multiplicação.
A proeminente estudiosa da educação matemática Jo
Boaler, da Universidade Stanford, afirma que memorizar
tabuadas é desnecessário. Conservadores se apegaram
a essa ideia como um exemplo de ativismo progressista
delirante. Mas Schoenfeld afirma que isso não se alinha
com valores matemáticos progressistas.
Alguns ativistas também misturam a matemática
conceitual com 'matemática de justiça social', o conceito
de que a matemática deveria ser usada para ajudar
estudantes a resolver problemas do mundo real e