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Banco Central do Brasil

Revista Veja/Nacional - Capa
sexta-feira, 12 de novembro de 2021
Banco Central - Perfil 3 - Reforma Tributária

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Autor: Laryssa Borges, Rafael Moraes Moura


As estrelas da maior operação de combate à corrupção
da história trocam os tribunais pelos palanques e
reacendem o debate sobre o limite da interseção entre
política e Justiça
Em 2017, um ano antes das eleições presidenciais, a
Lava-Jato atingia o seu ponto mais alto. Naquele
momento, o Supremo Tribunal Federal autorizou a
investigação de 98 políticos, sendo oito ministros, três
governadores, 24 senadores e 39 deputados federais.
Em busca de provas, a Polícia Federal vasculhou a
casa de figurões, como os senadores Renan Calheiros
(MDB-AL), ex-presidente do Congresso, Humberto
Costa (PT-PE), ex-ministro da Saúde, e Aécio Neves
(PSDB-MG), ex-candidato à Presidência. No rastro de
uma delação premiada, o presidente da República,
Michel Temer, e mais outra centena de autoridades
passaram a ser investigados por corrupção. E no ato
mais extraordinário o ex-presidente Lula foi condenado
à prisão. A Justiça trilhou um caminho nunca antes
percorrido e avançava sobre ele de maneira frenética —
às vezes, com algum exagero, diga-se. Empresários de
vários matizes estavam na cadeia, partidos políticos de
diferentes cores sucumbiram diante das evidências,


biografias, algumas notórias e outras nem tanto, foram
fulminadas. A tradição secular de impunidade dos
poderosos parecia finalmente rompida.
Não por acaso, protagonistas da Lava-Jato, Sergio
Moro, o juiz responsável pelos processos do caso, e
Deltan Dallagnol, o procurador que comandava a força-
tarefa de Curitiba, onde as investigações começaram,
ganharam ao longo desse trabalho status de
celebridades nacionais. No auge, Moro chegou a ser
apontado por uma respeitada publicação americana
como uma das 100 personalidades mais influentes do
mundo. Em Brasília, Rodrigo Janot, o então procurador-
geral da República, a quem cabia investigar e denunciar
as autoridades detentoras de foro especial, era
celebrado e adulado pelos quatro cantos do país. A
Lava-Jato havia se transformado em referência no
combate à corrupção e seu modelo passou a ser
replicado em vários estados. Não é exagero dizer que
praticamente todos os eventos políticos a partir de 2017
foram influenciados de alguma forma pelos
desdobramentos da operação — notadamente o mais
importante deles: a eleição de Jair Bolsonaro.
Hoje, quatro anos depois e de novo a um ano da corrida
presidencial, as estrelas da Lava-Jato prometem voltar
ao centro do debate político — só que agora longe dos
tribunais e em cima de um palanque. Sergio Moro
pretende disputar a Presidência da República. Deltan
Dallagnol anunciou que está deixando o Ministério
Público e deve se candidatar a uma vaga de deputado
federal pelo Paraná. Rodrigo Janot, que escreveu um
livro dizendo que pensou em atirar contra o ministro
Gilmar Mendes, estuda a possibilidade de concorrer a
uma cadeira no Parlamento por Minas Gerais ou
Brasília.
O ato mais marcante dessa nova fase aconteceu na
quarta-feira 10, quando Moro se filiou ao Podemos. A
solenidade marcou a conversão definitiva do ex-juiz e
ressuscitou a discussão sobre os limites dessa
interseção entre política e Justiça — dois núcleos que,
para o bom funcionamento das instituições e da própria
democracia, precisam manter uma distância
regulamentar entre si.
Na Lava-Jato, essa distância, em alguns momentos,
não foi respeitada. Moro abandonou a magistratura em
2018, depois de aceitar o convite do presidente eleito
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