edição 83 • Paixão Pelo vinho • 55Privilegiando a qualidade em detrimento
da quantidade, João D’Eça admite
no futuro apenas produzir vinhos
classificados como Reserva. Para além
disso, “o que gostaria de alcançar
era notoriedade. Esse é o meu maior
desejo, seja a curto, médio ou longo
prazo”.reunir as condições ideais para o Pinot Noir.
Entre 2007 e 2018 João D’Eça apenas pro-
duziu vinho tinto. Contudo, em 2019 surgiu
a aposta no primeiro vinho branco, tendo
este sido, desde logo, classificado como
Reserva pelo Instituto do Vinho do Douro e
Porto (IVDP). Ainda em 2019 apresentaram
o primeiro Reserva Pinot Noir. Já em 2020
produziram um branco de Gouveio e Vio-
sinho, também classificado como Reserva,
e este ano “vamos fazer o ensaio de Gou-
veio, Viosinho e Rabigato”. Na verdade, o
proprietário assume que estes são sempre
processos experimentais, “porque encaro
a produção dos vinhos como quem pinta.
Faço aquilo que gosto e que fica agradável”.
Também por isso, este ano optou por não
fazer nenhum vinho tinto pois considerou
que as uvas estavam com maturação e ca-
raterísticas que não se compadeciam com
aquilo que pessoalmente gosta num vinho.
A filosofia da empresa é a produção sus-
tentável de grande qualidade com respeito
pelas origens e pela diferença. “Procuramos
que os nossos vinhos atinjam um nível de
excelência em resultado das uvas e que se
distingam com as características próprias
das castas utilizadas em cada um dos vinhos
e em cada ano de produção”. E “excluímos
o facilitismo de um vinho igual a muitos ou-
tros em que o consumidor já não distingue
o produtor e, muitas vezes, até a região. É
por isso que, quando entendemos que as
uvas não têm as características e a matura-
ção fenólica que consideramos ideais nessa
colheita, não produzimos vinho”.
Devido à sua limitada produção, os vinhos
D’Eça são apenas comercializados na loja
online da marca, em http://www.decawine.pt, e nas
redes sociais do produtor, em https://www.
facebook.com/quintadecaPT. Os comprado-
res, esses, tanto são de origem nacional como
internacional, como um grupo de suecos,
que numa visita ao Douro tiveram a oportuni-
dade de, a convite do proprietário, conhecer
a quinta e os vinhos nela produzidos.
Privilegiando a qualidade em detrimento da
quantidade, João D’Eça admite no futuro
apenas produzir vinhos classificados como
Reserva. Para além disso, “o que gostaria
de alcançar era notoriedade. Esse é o meu
maior desejo, seja a curto, médio ou longo
prazo”. O produtor acredita que isso seja
possível, uma vez que lá fora isso aconte-
ce. Nas viagens que faz e nas feiras que vi-
sita estão muitas vezes presentes vinhos de
autor, franceses e espanhóis, que vendem
garrafas a 80 euros. “Há consumidores para
isso, mas para tal é necessária notoriedade.
Gostaria que as pessoas reconhecessem
qualidade no produto e o comprassem a
um preço justo”, porque, quem “prova os
vinhos D’Eça, gosta e recomenda”.VinhOS a PrOVar
Ficaram disponíveis recentemente dois
novos vinhos D’Eça, um branco e um tin-
to. O vinho D’Eça branco Reserva 2020 foi
elaborado a partir das castas Viosinho e
Gouveio, vinificadas separadamente, com
estágio parcial em inox e madeira. De cor
amarelo-palha aberto, com nuances cí-
tricas, tem um aspeto limpo e brilhante.
Complexo no nariz, é intenso e elegante,
com predomínio de notas florais e nuan-
ces fumadas. Na boca é cheio e envolven-
te, vibrante, fresco, rico e muito gastronó-
mico. Termina persistente.
Já o D’Eça tinto Pinot Noir Reserva 2019
usufruiu de um estágio em barricas de car-
valho francês por 12 meses. Apresenta-se
com uma linda cor rubi aberto e brilhante.
Aromático, revela notas doces de carame-
lo e coco, temperadas com fumo e moka,
integradas em sugestões frescas de pinho
e alcaçuz, que enquadram os aromas dis-
cretos de frutos vermelhos. Na boca é en-
volvente, macio, guloso, mas com taninos
finos que prolongam a prova, deixando um
final elegante e persistente.