54 • Paixão Pelo vinho • edição 83
reVeLação
A aventura de João D’Eça começou em
1987, com a compra da Quinta Nossa Se-
nhora do Loreto, em Sabrosa. Tão entusias-
mado nessa altura, como hoje, lançou-se
na reconstrução da quinta, que conta com
9 hectares de terreno, e da casa, que acolhe
a adega e é o porto de abrigo para a família.
Mantendo uma constante preocupação
com a proteção do ambiente, João D’Eça
assumiu, desde logo, uma preferência pe-
las castas autóctones para a elaboração dos
seus vinhos. Foi com este espírito que em
2008 e 2009 fez a reestruturação das vi-
nhas com alteração do seu perfil e ensaiou
a plantação de Pinot Noir com quatro clo-
nes diferentes, associando sempre a mo-
dernidade às mais adequadas práticas da
produção sustentável amiga do ambiente.
Em 2007 foi então criada a marca D’Eça
para os vinhos que viessem a ser produ-
zidos na quinta com uvas de produção
própria de castas e clones selecionados.
Referindo-se ao vinho que produz como
um “vinho de autor”, João D’Eça aposta na
procura da excelência. “Já não procura-
mos a qualidade, mas sim a excelência. Tal
pode parecer um pouco pretensioso, mas
para quem produz pequenas quantidades,
cerca de 1200 a 2000 garrafas por ano, a
excelência é o que pretendemos”.
Procurando escolher cada lote em função
das caraterísticas e da maturação de cada
uma das castas plantadas em cada parcela
e, dentro dessas, em apenas alguma valei-
ras, são cuidadosamente selecionadas to-
dos os anos as uvas para a produção do
vinho D’Eça que apresentem um maior
equilíbrio e uma adequada maturação fe-
nólica que assegurem a qualidade de ex-
celência que se pretende e, que permitam
ao produtor trabalhá-las para o vinho que
corresponda à sua “visualização”, como se
de uma pintura se tratasse.
O vinho, esse, é produzido pelo processo de
pré-maceração carbónica, com controlo de
João D’Eça apresenta-se como
“advogado por vocação e viticultor
por paixão”, envolvendo-se em
cada passo da elaboração dos seus
vinhos e assumindo a qualidade
como imperativo maior.
d’eça Wines
Vinhos feitos no
douro com paixão
> texto Fernanda Silva Teixeira > fotografia Ernesto Fonseca
temperatura em toda a fase de vinificação,
desenvolvendo-se o processo da fermen-
tação malolática já nas barricas de carvalho
francês ou americano, novas ou usadas até
três anos. Cada uma das castas é vinificada
em separado resultando, no final do proces-
so do estágio em barrica, um vinho que po-
derá levar à constituição de um lote blend,
cujas castas varia percentualmente todos os
anos, ou a um vinho monocasta, sempre em
função do gosto do produtor e do equilíbrio
requerido pelo enólogo.
As vinhas estão perfeitamente identificadas
por talhão de casta e em cada casta pelo
clone. No geral, predominam nas vinhas
reestruturadas em 2008/2009 as castas
autóctones Touriga Nacional, com quatro
clones diferentes, e Tinta Roriz, também
com quatro clones, e ainda uma parcela
com a casta Pinot Noir, igualmente com
quatro clones distintos. A ideia de plantar
Pinot Noir surgiu do gosto pela casta e por
se ter afigurado ao produtor e ao enólogo
e seu amigo Daniel Fraga Gomes que uma
área da quinta, pela sua exposição, altitude
(cota de 600m de altitude) e terroir, poderia