Prato Sujo - Como a indústria manipula os alimentos para viciar você! ( PDFDrive )

(Ruy Abreu) #1

Enquanto isso, nos Estados Unidos, o avanço da medicina e dos meios para
detectar mais doenças fez crescer o número dos diagnósticos de males do
coração. Isso deixou os médicos americanos alarmados. Uma das principais
pesquisas, feita a partir de 1948 na cidade de Framingham, recrutou 5.209
homens e mulheres saudáveis entre 30 e 62 anos. Esse pessoal passou por uma
série de exames clínicos e respondeu a questões sobre o estilo de vida que cada
um levava. Depois, a cada dois anos, todo mundo era chamado de novo pelos
pesquisadores para repetir o procedimento. A ideia era entender os hábitos deles
para traçar possíveis causas das doenças do coração. Quando os pesquisadores
divulgaram os primeiros resultados, chamaram de fatores de risco as
características comuns encontradas entre os participantes, que eram as seguintes:
tabagismo, obesidade, diabetes, pressão alta, sedentarismo e altas taxas de
colesterol no sangue. Então, comer alimentos ricos nessa substância aumentaria
o risco de doenças cardíacas.
As pesquisas se desenrolavam, e o consumo de ovo per capita nos Estados
Unidos despencava de 375 unidades por ano em 1950 para 236 em 1990. Aí
começaram a aparecer estudos apontando que a coisa não era tão feia assim.
A Escola de Saúde Pública de Harvard conduziu os maiores estudos já
realizados sobre o assunto, avaliando mais de 300 mil pessoas por 23 anos. A
conclusão foi de que, para a maioria das pessoas, o colesterol ingerido interfere
pouco – entre 10% e 25% – na quantidade do que realmente circula no sangue. O
resto é produzido de forma natural pelo fígado.


Mesmo assim, alguns grupos, como obesos e diabéticos, se mostraram mais
propensos a ter índices alterados depois de uma alimentação rica na substância.
Por isso, devem controlar o consumo e fazer acompanhamento médico.
Pois então o ovo passou do status de banido para o de controlado. A
recomendação dos órgãos de saúde é não ultrapassar a ingestão diária de 300
miligramas. Ou seja, um ovo por dia estaria de bom tamanho. Com essa
remissão parcial, veio a retomada do crescimento no consumo americano, que
hoje está na base de 250 unidades anuais por pessoa. No Brasil, não dá para
fazer uma comparação justa. Isso porque a avicultura por aqui só começou a
produzir em larga escala em 1970, quando a média era de 60 ovos per capita.
Hoje, está em 162, bem abaixo da marca americana. As diferenças de hábitos
alimentares nesse quesito também são grandes, já que ovos (com bacon) são uma

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