Prato Sujo - Como a indústria manipula os alimentos para viciar você! ( PDFDrive )

(Ruy Abreu) #1

diária. O Big Mac tem 34%, as fritas, mais 18% e dez unidades de Chicken
McNuggets carregam 42% de todo o sódio que você deveria comer no dia. Se
preferir se basear pelas calorias, aí vão: Angus Deluxe, 863; Angus Bacon, 861;
Big Tasty, 841; Big Mac, 494; Fritas, 412; Top Sundae de caramelo, 508.
Depois de protestos, a foto do ministro da Saúde com o presidente do
McDonald’s para a América Latina foi retirada da rede de compartilhamento de
fotos do governo. E ambos disseram que o título não é formal, apenas uma
honraria simbólica dada a empresas que “ajudam a divulgar informações sobre
alimentação saudável”.
O McDonald’s é o símbolo máximo da comida viciante porque desenvolveu e
popularizou um sistema extremamente eficiente de produção, que mudou para
sempre o mundo dos restaurantes.


A INVENÇÃO DA FAST FOOD


Na Europa do século 18, existiam lugares onde os viajantes podiam fazer uma
parada para tomar uma sopa restauradora – daí o nome restaurante –, servida em
mesas coletivas. Um dos mais antigos do mundo ainda em atividade é o Botin,
fundado na Espanha por um francês. Hoje, o endereço de Madri é um dos mais
disputados pelos amantes da gastronomia.
O sistema que a gente conhece hoje, de um lugar com mesas pequenas e
opções no cardápio para clientes escolherem, popularizou-se na França depois da
revolução de 1789, quando os excessos da nobreza começaram a ruir. Os
cozinheiros dispensados das cortes montaram negócios próprios, e a classe
trabalhadora emergente passou a ter um pouco de dinheiro para pagar pela
comida.
Mas o século 20 deu início à era da conveniência, a nossa era. E os
restaurantes tradicionais ganharam um concorrente de peso. Principalmente
depois que dois irmãos, Richard e Maurice McDonald, decidiram restruturar em
1948 sua pequena lanchonete na Califórnia, aberta oito anos antes. Foram três
meses de reforma para transformá-la em um lugar com autoatendimento, onde as
pessoas fizessem os pedidos de dentro do carro. O cardápio teve redução de
preço e de itens à disposição, apenas com cheeseburguer, batata frita,
refrigerante, leite, café e torta doce. Um combo por apenas 15 centavos – só US$
1,50 em valores atuais, contando a inflação de lá até aqui.
Com a operação enxuta, dava para focar em eficiência e agilidade. A cozinha
foi adaptada ao mesmo modelo de produção em larga escala da indústria
automobilística. Cada funcionário foi encarregado de uma etapa da linha de
montagem, fazendo movimentos repetitivos e, portanto, fáceis de assimilar em
um curto período de tempo: fritar a batata, tostar o pão, colocar molho e queijo,

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