esportivos, principalmente aqueles ligados à aventura, para o fumante se sentir
radical e livre só de acender um cigarro.
Com a comida, acontece o mesmo: redes de fast food vendem felicidade, e
não hambúrguer e batata frita; refrigerantes são abraços apertados em quem você
mais ama; margarina é garantia de família unida e contente; cereais, biscoitos e
cookies cheios de açúcar são energia para encarar o dia; comida congelada é a
certeza de elogios do maridão, da mulher ou dos filhos e, grátis, tempo livre para
ficar com eles. Porque você merece neste exato momento, ora!
Do ponto de vista comercial, não existem motivos para pensar que comprar
comida é diferente de comprar cigarro ou roupa ou carro. De um lado, existe um
consumidor com um desejo ou uma necessidade buscando satisfação. E do outro
tem alguém que desenvolveu um produto ou serviço e está buscando lucro.
Gostaria de acreditar que a indústria alimentícia tem intenções mais nobres do
que a do cigarro. Mas na embalagem comprada pelo fumante está escrito que
aquele vício pode causar câncer no pulmão. E nas latas de refrigerante? Não me
lembro de ter visto indicações sobre risco de desenvolver obesidade e males
associados a ela.
Quando as restrições ao tabagismo começaram, na década de 1980, a coisa
começou a mudar. O Ministério da Saúde obrigou os fabricantes a estampar na
embalagem uma frase dizendo que aquilo fazia mal. Depois vieram as fotos de
pessoas doentes, a criação de fumódromos nos locais fechados e, hoje, a
permissão de soltar fumaça apenas ao ar livre.
Criou-se uma consciência a respeito do tabaco, que naquela época estava
relacionado às principais causas de morte nos Estados Unidos. Em 2004, a
liderança do ranking foi perdida para as doenças derivadas da má alimentação.
Por quê?
Porque, se hoje o poder de convencimento da indústria do cigarro foi limitado,
o da comida industrializada foi ampliado. Enquanto você lê este livro, um grupo
de americanos está reunido em uma sala respondendo a perguntas de um
entrevistador interessado nas impressões deles sobre uma determinada comida.
Aconteceu, por exemplo, quando eles quiseram saber o que leva as pessoas a
comprar café.
Eles passaram a primeira hora falando sobre coisas práticas e racionais ligadas
ao café, como o preço do produto e quantas xícaras tomam por dia. O
entrevistador fingia que dava a maior importância, mas na verdade não estava
nem aí.