Prato Sujo - Como a indústria manipula os alimentos para viciar você! ( PDFDrive )

(Ruy Abreu) #1

ali ao lado das batatas, existem opções já descascadas e pré-cozidas em
caixinhas e pacotes de purê em pó – basta misturar leite e manteiga para ficar
pronto. As versões industrializadas são bem mais caras do que as naturais, mas o
apelo da refeição rápida pode vencer. E as frutas, então? Prefere laranjas que
precisam ser cortadas e espremidas ou o suco pronto?
O posicionamento e a altura das prateleiras também faz diferença. Os itens
que ficam nas mais baixas são os menos conhecidos, os mais baratos ou os
infantis, que ficam ao alcance das crianças. Os colocados na altura dos olhos de
um adulto são os das marcas líderes, e os de cima são as linhas que não vendem
tanto. Os que ficam perto dos caixas são aqueles que todo mundo compra por
impulso, principalmente se estiver parado em uma fila que não anda:
salgadinhos, chocolates, balas.
A indústria produz tantas opções que, se ninguém fizer nada para ganhar a sua
preferência, elas passam despercebidas. Por isso, tudo numa embalagem é
pensado por especialistas e testado entre consumidores: das cores chamativas ao
tamanho das letras, que são grandes só na parte das informações que vão
estimular as vendas. Destacar um nutriente – o ômega 3, por exemplo – faz você
achar que o produto é saudável, mesmo que todo o restante dele não seja. O
tamanho do pacote também conta. Quanto maior, mais apetitoso para o seu
cérebro, que calcula rapidamente a quantidade de calorias e, portanto, de
dopamina. Mas tem quem não se engane e prefira as porções pequenas. Tudo
pensado, também. Estudos mostram que quem está mais preocupado em não
exagerar na dose tende a ser mais ansioso em relação à comida. Esse cara
compra dez pacotinhos em vez de um grande – e come os dez de uma vez.


Outra pegadinha é a quantidade por porção. Um pacote de 100 gramas de
batata frita, por exemplo, oferece 134 calorias por porção, que dá uma média de
7% das necessidades diárias de calorias. Mas a tal porção é de apenas 25 gramas,
equivalentes a uma xícara e meia. Primeiro, quem coloca as batatas em uma
xícara para medir e ver se está ultrapassando a cota? Segundo, quem consegue
não comer o pacote inteiro? Iludido pelas poucas 134 calorias inscritas no
pacote, a gente não percebe que lá dentro tem 536 calorias esperando para ir
morar no seu estômago – mais do que um prato com duas colheres de sopa de
arroz (82 calorias), duas de feijão (116), um bife médio de contrafilé com
gordura (278) e salada, que somam 476 calorias. Se o objetivo é partir para um
salgadinho assado, que tem apelo mais saudável, já que não é frito, as calorias de
um pacote de um petisco de milho somam 114 por porção de 25 gramas. Em 100

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