sujo ou limpo. Mas reconduzir o pre-
sidente deposto ao poder não fazia
parte de seus planos. Seu governo
fora tão corrupto quanto o de Batista
e, àquela altura do campeonato, todo
mundo sabia disso. No fim das con-
tas, seria Fidel quem acabaria usando
Socarrás para tomar o poder.
A partida foi marcada para 25 de
novembro de 1956. Era fundamental
zarpar à noite, para não chamar a
atenção da polícia mexicana em terra
firme, nem da Guarda Costeira em
alto-mar. No dia e no horário combi-
nados, estavam todos lá, prontos para
cruzar o Golfo do México e o Mar do
Caribe. A jornada seria difícil, cerca
de 2,2 mil quilômetros de navegação
(mais ou menos a distância entre as
cidades de São Paulo e Salvador).
O Granma estava incrivelmente
pesado. Fora o tanque cheio, com
aproximadamente 4,5 mil litros de
óleo diesel, levava mais 7,5 mil litros
extras, distribuídos em dezenas de
galões. O iate também carregava
comida para cinco dias de viagem.
E uma boa quantidade de ar-
mas: dois fuzis antitanque,
cerca de 90 rif les, três subme-
tralhadoras Thompson e 40 pistolas,
além de muita munição.
Não sobrou muito espaço e, mesmo
assim, 82 guerrilheiros deram um
jeito de se acomodar no Granma. A
superlotação e os motores cansados
impediam que o iate acelerasse. “Le-
vamos meia hora apenas para deixar
a foz do rio, em Tuxpan, e outra meia
hora para atravessar o porto rumo ao
golfo do México”, diz Faustino Pérez,
um dos rebeldes a bordo,
em Diary of the Cuban Re-
volution (Diário da Revo-
lução Cubana, sem tra-
dução no Brasil).
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