do marco temporal, como interrompeu o processo de demarcação de
terras indígenas e promoveu legislações autorizando a mineração nessas
áreas. Não há fiscalização para detectar crimes ou multas. A impunidade é
total, o que deteriorou muito a possibilidade de que as populações
indígenas tenham os seus direitos garantidos.
O governo federal anunciou a contratação de agentes ambientais. Isso
teve algum efeito?
Não vimos nenhum resultado na prática. As invasões de terras indígenas
seguem aumentando drasticamente. O Conselho Indigenista Missionário,
o Cimi, que está presente em todo o território nacional, reportou um
aumento de 137% das invasões desde 2018. Esse completo
desmantelamento das ações estatais também tem afetado os agentes.
A criação do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos,
englobando diversas áreas, teve algum resultado prático?
Além de termos de citar esse nome comprido nos nossos comunicados,
não mudou mais nada. Em tese, esse é um ministério de natureza
transversal, que deveria estar presente nas grandes discussões e desafios
do país em direitos humanos. Mas durante esses três anos de retrocessos
graves o ministério permaneceu silente. Onde estava esse ministério nas
discussões sobre o enfrentamento da Covid? Sempre que o governo
promovia um medicamento ineficaz contra o coronavírus, o que fizeram
seus integrantes? Quantas crianças foram afastadas da escola por falta de
investimento básico em tecnologia? Nada foi feito. Qual foi o
pronunciamento do ministério sobre o efeito da maior circulação de
armas na violência doméstica contra a mulher, que é tão devastadora e
epidêmica neste país? Durante a pandemia, os registros de violência
contra as mulheres nas delegacias diminuíram, ao mesmo tempo que
aumentou muito o número de denúncias telefônicas. Cadê o ministério?
Quais foram as ações adotadas em defesa da população indígena, da
população com deficiência?