REVISTA VOO LIVRE JANEIRO Nº 18

(MARINA MARINO) #1

Poesia por Marta Cortezão


Aoadentraradimensãopoética

da ‘Ciranda de Deusas’, sinto ospés


navivaáguadavida,sintoo‘suspiro


do mundo’, tal como nos sugere


Claricenaepígrafecitadaacima,eme


atrevoadizerqueouçoamelodiado


mundo,ondemeuprópriosilêncioéa


porta que dá passagem para


escutar/apreciar as vozes femininas


de um livro que fala/canta/dança


comogentedecarneeossocomoeu;


também parasentirumpoemáriode


oráculos reveladores de uma


literatura de confidências, de gente


real, que nos confirma a


essencialidade da verdade fugaz,


vivida pela palavra: a vida está


enodoada de ficção e, esta,


emporcalhadadevida,nãoháreparo


para este tecido literatura-vida e é


isso que o faz pleno de


maravilhamentoseperplexidades.


A literatura é este grito que
assusta, mas que provoca
alumbramentos,merefiroamomen-


tosdeiluminaçãoquetêmopoderde
transformar a realidade vivida,
porque a literatura não é apenas
conteúdo e forma, é impacto, é
desassossego, é a capacidade de
causar emoções, estranhamento,
sensações catárticas, epifanias ao
corpo-almadequema lê. Eisaqui o
que se busca na arte: multiplicar-se
emsuastantasvidasparaexpandira
própria, conjugando o verbo
humanizar-se na voz interior e
reflexiva, em e com profundidade.
Uma vida é muito pouco, não é o
suficiente, o gozo está na
multiplicidade. E de que forma?
Sentindo a experiência alheia como
seminhafosse;e,apossando-medela,
para transportá-la ao meu universo
interior, sem, contudo, esquecer que
naliteraturaestásempreasedede
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