— Caramba, miúda, estás incrível com esse vestido.
— Obrigada, Matt — disse Candy com modéstia, sorrindo para o par de gendarmes, que,
por sua vez, também olhavam encantados para ela.
Candy quase causara vários acidentes, quando os condutores parisienses, enlouquecidos,
travavam a fundo com grande chiadeira para olharem, enquanto os polícias a conduziam
por entre o trânsito.
Terminaram de fotografar debaixo do Arco pouco passava das cinco horas da tarde. Candy
regressou então ao Ritz para uma pausa de quatro horas. Tomou um duche, telefonou
para a sua agência em Nova Iorque e dirigiu-se à Torre Eiffel para a última sessão
fotográfica às nove da noite, quando a luz era mais suave. Acabaram a sessão à uma da
manhã; depois disso Candy foi para uma festa a que prometera ir. E voltou para o Ritz às
quatro da manhã, cheia de energia e nem por isso menos atraente. Matt saíra da festa
duas horas antes. Tal como ele mesmo referiu, não havia nada melhor do que ter vinte e
um anos. Aos trinta e sete, já não conseguia acompanhá-la, nem tão-pouco o conseguia a
maioria dos homens que a perseguia.
Candy fez as malas, tomou um duche e depois disso deitou-se por uma hora. Divertira-se
imenso naquela noite, mas a festa a que tinha ido fora banal. Não houvera nada de novo
nem de diferente para si. Tinha de abandonar o hotel às sete horas da manhã e precisava
de estar no Aeroporto Charles de Gaulle por volta das oito horas para apanhar o voo das
dez, que a levaria até ao Aeroporto Kennedy, onde chegaria por volta do meio-dia, hora
local. Com uma hora para recolher a bagagem e passar a alfândega e uma viagem de carro
de duas horas até Connecticut, chegaria a casa dos pais pelas três da tarde. Chegaria
muito a tempo para a festa do Quatro de Julho do dia seguinte. Candy estava ansiosa por
passar a noite com os pais e as irmãs antes da loucura da festa da noite seguinte.
Candy sorriu aos recepcionistas e aos seguranças conhecidos quando saiu do Ritz,
vestindo jeans e uma T-shirt, com o cabelo, que mal se tinha dado ao trabalho de pentear,
apanhado num rabo-de-cavalo. Transportava um enorme e velho saco de crocodilo
Hermes num tom de brande, que descobrira numa loja de artigos em segunda mão no
Palais Royal. Uma limusina aguardava-a lá fora e Candy partiu. Sabia que em breve voltaria
a Paris, uma vez que grande parte do seu trabalho estava ali. Já tinha agendadas duas
sessões fotográficas em Paris, para Setembro, após a sua viagem ao Japão no final de
Julho. Ainda não fizera planos para Agosto e estava a contar tirar uns dias de férias, quer
em Hamptons, quer no Sul de França. Dispunha de oportunidades incontáveis em termos
de diversão e de trabalho. A vida corria-lhe às mil maravilhas e estava ansiosa por passar
umas duas semanas em casa. Isso era sempre divertido para ela, muito embora as irmãs a
provocassem constantemente por causa da vida que levava. A rapariguinha que fora
Candace Adams, a miúda mais alta e mais desajeitada da escola, transformara-se num
cisne e era conhecida simplesmente por "Candy" em todo o mundo. Mas, apesar de gostar
do que fazia e de se divertir imenso onde quer que estivesse, não havia lugar como a
nossa casa e não havia no planeta ninguém de quem mais gostasse do que das irmãs e da
mãe. Também adorava o pai, mas tinham uma ligação diferente e à parte.
A medida que a limusina ia atravessando Paris através do trânsito do início da manhã,
Candy recostou-se no assento. E por mais deslumbrante que parecesse, no fundo
continuava a ser, em muitos aspectos, a menina da mamã.
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1