Danielle Steel - As Irmãs PT

(Carla ScalaEjcveS) #1

voltar ao trabalho dentro de algumas semanas e Annie ficaria sozinha em casa o dia
inteiro, incapaz de sair dali.
— Vais morrer de tédio naquela casa. Ficarás muito melhor na cidade connosco.
Pelo menos, Annie poderia andar de táxi para se deslocar pela cidade.
— Não, não vou. Vou ser um fardo para vocês. Talvez mesmo para sempre. Porque não
resolvem internar-me num asilo qualquer e esquecer-me para sempre?
— Talvez tivesse gostado de fazer isso quando tinha quinze anos e tu sete. Mas acho que é
um pouco tarde para isso. Vá lá, Annie. Vamos tentar tirar o máximo partido desta
situação. Vai ser divertido morarmos juntas. A Candy vai alugar o apartamento dela
durante um ano e eu vou entregar o meu. E Tammy pode vir visitar-nos e passar
fins-de-semana prolongados connosco. Repara na oportunidade fantástica que vai ser.
Estamos sempre a falar das saudades que sentimos umas das outras. Esta é
provavelmente a única oportunidade que alguma vez teremos de fazer isto. Durante um
ano. Um ano. E depois todas vamos crescer e ficar adultas para sempre.
Annie abanou a cabeça e recostou-se na cama do hospital, com um ar mórbido.
— Quero voltar para Itália. Tenho tentado falar com o Charlie. Ele pode ficar comigo em
minha casa. Não quero morar aqui.
— Não queremos que fiques sozinha em Florença — disse Sabrina, tentando dissuadi-la.
Esta era uma ideia que podia mesmo resultar, se Annie concordasse com ela. E o Charlie já
passara à história. Só que Annie não o sabia, e Sabrina não queria ser ela a contar-lhe.
Annie tentara a manhã inteira telefonar-lhe para o telemóvel. Falou no assunto com
Sabrina e a irmã mais velha não pôde deixar de pensar que o rapaz devia ter desligado o
telemóvel para o caso de Annie ligar. Não a surpreenderia nada que Charlie fizesse isso,
não depois da conversa que tivera com ele na semana anterior.
— Não quero ir viver com vocês como se fosse alguma espécie de aleijada — disse Annie,
zangada. — Não quero parecer ingrata. Mas não quero ser a irmã cega de quem toda a
gente sente pena por vocês as duas serem obrigadas a tomar conta.
— Também não posso fazer isso, calha bem — respondeu Candy em termos práticos. —
Eu viajo muito. E Sabrina trabalha. Vais ter de aprender a tomar conta de ti mesma. No
entanto, nós podemos ajudar-te.
— Eu não quero ser ajudada. Só quero ir para qualquer lugar sozinha. Além disso, tenho
um apartamento em Florença. Não preciso de uma casa em Nova Iorque.
— Annie — disse Sabrina, esforçando-se por ser paciente com a irmã — podes viver em
qualquer parte do mundo assim que te acostumares à tua nova situação. Mas isso pode
demorar algum tempo. Não achas que estarás melhor se morares connosco no início?
— Não. Vou voltar para Florença e morar com o Charlie. Ele ama-me — respondeu Annie
com petulância, ao mesmo tempo que Sabrina sentiu o coração a ficar apertado.
Aquele rapaz não a amava. E a irmã não podia voltar para Itália sozinha. Pelo menos, ainda
não, e era provável que não pudesse durante vários meses, se é que alguma vez o pudesse
fazer.
— E se o Charlie não quiser? E se ele não conseguir aguentar a tua situação, ou se for
simplesmente demasiado para ele? Não preferes ter-nos a nós por perto?
— Não. Prefiro ficar com ele.
— Posso entender isso. Mas assim irias dificultar muito a vida dele. Nós somos a tua

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