família. Ele não. Além disso, há excelentes programas de reabilitação para invisuais em
Nova Iorque.
— Não quero ir para uma escola de cegos! — gritou-lhe Annie. — Posso aprender tudo
sozinha.
Annie desatou a chorar outra vez e Sabrina também estava, ela própria, à beira das
lágrimas, num estado de perfeita frustração.
— Não tornes as coisas assim tão difíceis para ti. Vá lá, Annie. Já vai ser bastante duro, por
si só. Deixa-nos ajudar-te.
— Não! — vociferou Annie e virou-se na cama para o outro lado, de costas para as irmãs.
Sabrina e Candy trocaram um longo olhar e não disseram nada.
— E não olhem assim uma para a outra! — gritou Annie, e Sabrina deu um salto quando a
irmã disse aquilo.
— Então agora tens olhos na nuca? Estás de costas para nós. E desculpa lá falar nisso, mas
estás cega, por isso como é que podes saber o que estamos a fazer?
— Eu conheço-vos! — respondeu Annie, zangada, e Sabrina riu-se à socapa.
— Sabes uma coisa? Não passas da mesma criança mimada que eras quando tinhas sete
anos. Costumavas espiar-me, minha peste, e depois ias contar tudo à mãe.
— A Tammy também.
— Eu sei, mas tu eras pior. E a mãe acreditava sempre em ti, mesmo quando mentias.
Annie ainda estava de costas voltadas para as irmãs, mas Sabrina podia ouvi-la a rir-se na
cama.
— Então, vais continuar a ser mimada, ou vais ser razoável? Candy e eu descobrimos uma
casa fantástica e acho que tu vais adorar. Todas nós vamos. Além disso, vai ser divertido
morarmos todas juntas.
— Nada do que eu faça vai voltar a ser divertido.
— Duvido muito — respondeu Sabrina com rispidez. Mal podia esperar para ter notícias
da psiquiatra. Annie
precisava de um com a máxima urgência. Todas elas precisavam. E talvez a médica
pudesse indicar-lhes como deveriam lidar com Annie.
— Vou assinar o contrato de arrendamento amanhã à noite. E se perdermos esta casa por
causa das tuas birras, vou ficar furiosa a sério.
Annie tinha direito a mais do que uma birra, mas Sabrina achava que talvez desse mais
resultado se fosse firme com ela. Tudo o que mais queria era pôr os braços à volta da irmã
e abraçá-la, mas talvez Annie precisasse de algo mais forte do que isso. Por mais difícil que
fosse, não podiam permitir que a irmã ficasse ali espojada naquela cama cheia de pena de
si mesma.
— Vou pensar no assunto — foi tudo o que Annie conseguiu dizer e não se voltou para
enfrentá-las. — Vão-se embora. Deixem-me em paz.
— É isso mesmo que tu queres? — perguntou Sabrina, parecendo chocada. Candy ainda
não dissera uma palavra.
Candy sempre detestara o mau feitio de Annie. Para ela, Annie era a irmã mais velha que
lhe fizera a vida negra quando era criança. As duas tinham cinco anos de diferença.
— Sim — respondeu Annie com tristeza. Estava com ódio do mundo.
Sabrina e Candy ficaram no quarto durante mais meia hora e tentaram animar Annie e
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1