Danielle Steel - As Irmãs PT

(Carla ScalaEjcveS) #1

não queria desiludir a mãe, que vivia para vê-las e que rejubilava quando tinha as suas
quatro filhas em casa ao mesmo tempo. Falava sobre esse assunto o ano inteiro. Não
havia telefone no apartamento peculiar de Annie, mas a mãe telefonava-lhe com
frequência para o telemóvel para saber como ela estava e adorava escutar a excitação na
voz da filha. Nada entusiasmava mais Annie do que o seu trabalho e a profunda satisfação
que retirava pelo facto de estudar arte, aqui, na sua origem mais importante, em
Florença. Por vezes, perdia-se durante horas na Galeria Uffízi, estudando as pinturas, e
muitas vezes ia de carro até às cidades vizinhas para contemplar obras importantes.
Florença era como se fosse Meca para ela.
Estava desde há pouco tempo romanticamente envolvida com um jovem artista de Nova
Iorque. Ele chegara a Florença apenas seis meses antes e ambos se conheceram alguns
dias depois da sua chegada, aquando do regresso dela de Connecticut, depois de ter
passado o Natal com a família. Conheceram-se no estúdio de um artista conhecido, um
jovem italiano, na véspera de no Novo e o seu romance demonstrara-se apaixonado e
intenso desde então. Adoravam o trabalho um do outro e partilhavam um profundo
compromisso com a arte. O trabalho dele era mais contemporâneo, o dela mais
tradicional, mas muitas das opiniões e teorias de ambos coincidiam. Ele tirara algum
tempo para trabalhar como estilista, coisa que odiava, chamando-lhe prostituição. Por
fim, conseguiu poupar dinheiro suficiente para ir para Itália pintar e estudar durante um
ano.
Annie tinha mais sorte. Aos vinte e seis anos, a sua família continuava disposta a ajudá-la.
Conseguia ver-se, com toda a facilidade, a viver em Itália para o resto da sua vida e nada
lhe agradaria mais. Embora ela adorasse os pais e as irmãs, detestava ir a casa. Desde
pequena sempre quisera ser artista e, à medida que o tempo ia passando, a sua
determinação e a sua inspiração tornaram-se cada vez mais intensas. A sua vocação
afastara-a das irmãs, cujos objectivos eram mais mundanos, mostrando-se mais
envolvidas no mundo que girava em torno do dinheiro. A irmã mais velha era advogada, a
irmã do meio era produtora de um programa televisivo em LA e a irmã mais nova era uma
supermodelo, cujo rosto era conhecido em todo o mundo. Annie era a única artista do
grupo e "estava-se nas tintas" quanto a singrar num mundo de êxito comercial. Sentia-se
mais feliz quando se encontrava absorvida por completo no seu trabalho e nunca pensava,
sequer por um minuto, se as suas obras se vendiam ou não. Sabia como tinha sorte em ter
pais que apoiavam a sua paixão, muito embora estivesse determinada a tornar-se
autossuficiente um dia. Mas por agora, absorvia com avidez as técnicas antigas e o
extraordinário ambiente de Florença como uma esponja.
A sua irmã Candy ia a Paris com frequência, mas Annie nunca conseguia afastar-se do
trabalho para ir vê-la. Apesar de amar profundamente a sua irmã mais nova, ela e Candy
tinham muito pouca coisa em comum. Quando estava a trabalhar, Annie nem sequer se
preocupava em pentear-se e tudo o que possuía estava salpicado de tinta por todos os
lados. O mundo de pessoas lindíssimas e de alta moda de Candy estava a anos-luz do seu
mundo de artistas famintos e da descoberta da melhor maneira de misturar as suas tintas.
Sempre que via Candy, a irmã supermodelo tentava convencer Annie a fazer um corte
decente no cabelo e a usar maquilhagem, mas Annie limitava-se a rir. Nada podia estar
mais longe do seu pensamento. Há pelo menos dois anos que não ia às compras nem

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