Danielle Steel - As Irmãs PT

(Carla ScalaEjcveS) #1

embarcar no avião. Recordaram-se as duas do que a mãe lhes dizia com frequência: que a
maior dádiva que lhes dera fora terem-se umas às outras. Não há dúvida de que cada uma
delas era uma dádiva preciosa na vida das outras.
— Adoro-te, Tammy — disse Sabrina em voz entrecortada.
— Eu também — sussurrou Tammy e depois pegou na mala onde tinha Juanita e, com um
último adeus à irmã, passou pelo controlo de segurança e encaminhou-se para a porta de
embarque do seu voo para LA.
O avião chegou a Los Angeles à uma hora da manhã, hora local do Pacífico. Já era muito
tarde para telefonar outra vez às irmãs. Quando ligou o telemóvel, Tammy tinha uma
mensagem de cada uma delas e quando entrou em casa nessa noite, nunca se sentiu tão
sozinha na sua vida, nem tão afastada. Viver em Los Angeles sempre fora perfeito para si.
Já lá morava desde os tempos da faculdade. Mas agora que a mãe tinha morrido e Annie
estava cega, sentia-se ali muito mais solitária. Sentia-se culpada quando ia para a cama à
noite, como se devesse estar com as irmãs a ajudá-las e a apoiá-las. Mas não podia fazer
isso. Tammy adorava a sua casa, o seu emprego e a carreira que fundara ali, mas de
repente sentiu-se isolada das irmãs, como se estivesse a deixá-las mal. Até mesmo Juanita
parecia infeliz por estar em casa. Deitou-se em cima da cama de Tammy e ganiu. Tinha
saudades dos outros cães.
— Pára com isso. Não me estás a ajudar em nada — repreendeu-a Tammy e afagou-lhe a
cabeça sedosa.
Para as irmãs, eram cinco horas da manhã quando Tammy apagou as luzes e tentou
dormir um pouco. Sonhou com as irmãs a noite toda, na sua casa de Nova Iorque.
Estava exausta na manhã seguinte quando foi trabalhar. E como sempre, tudo estava um
caos e todos os problemas lhe caíam em cima no dia seguinte a um fim-de-semana
prolongado. Os técnicos de som estavam com problemas, os realizadores queixavam-se,
os actores tinham birras e ameaçavam demitir-se. Um dos seus maiores patrocinadores
abandonou-os. O director da estação televisiva culpava-a por tudo aquilo. E a sua estrela
grávida estava a processá-los por ter sido substituída, em vez de lhe terem dado a opção
de continuar a trabalhar, muito embora o médico lhe tenha dito que isso era impossível.
— Agora digam-me qual é a lógica disto — dizia Tammy, andando furiosa de um lado para
o outro no seu gabinete com a carta do advogado da actriz na mão. — Ela disse-nos que
estaria de cama em repouso absoluto durante seis meses. E agora, faço o quê? A
personagem da série também será suposta ficar de molho? Ela não pode trabalhar. Foi ela
mesma que nos disse. E agora quer processar-nos? Odeio actores foleiros e a maldita TV!
Tammy precisava de reunir-se com o departamento jurídico para avaliar a validade e as
potenciais repercussões daquela ameaça de processo. E tudo o que poderia correr mal
naquele dia, correu mesmo. "Bem-vindos a Hollywood", murmurou entre dentes quando
abandonou o estúdio às nove horas dessa noite e foi para casa, com Juanita na sua mala.
Sabrina telefonou-lhe quando Tammy ia no carro a caminho de casa. Para ela já era
meia-noite.
— Como foi o teu dia?
— Só podes estar a gozar comigo. Como estava Hiroxima no primeiro dia depois da
bomba? Provavelmente mais ou menos parecida com o meu dia de hoje. Estamos a ser
processados, entre outras coisas. Tem dias que odeio o que faço.

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