Danielle Steel - As Irmãs PT

(Carla ScalaEjcveS) #1

daquilo lhe parecia tão trágico, era quase engraçado. — Fui parar à aula de educação
sexual por engano e lá eles perguntaram-me se tinha levado preservativos. Respondi-lhes
que os traria amanhã.
Baxter estava a rir-se com o que Annie dizia.
— Moras agora com os teus pais? — perguntou-lhe ele, interessado. — Tenho estado em
casa da minha mãe desde Junho. Antes disso vivia com o meu namorado — disse Baxter
num tom de voz solene. — Ele morreu no acidente. A mota era dele.
— Sinto muito — disse Annie em voz baixa e foi sincera, mas ainda não se sentia capaz de
lhe contar nada sobre a sua mãe. — Estou a morar com as minhas irmãs durante um ano,
até conseguir recompor-me. Elas têm sido amorosas comigo.
— A minha mãe também tem sido porreira, com a excepção de que me trata como se eu
tivesse dois anos de idade.
— Acho que também deve ser assustador para elas — respondeu Annie, pensando no
assunto.
E logo depois disseram-lhes que estava na hora de irem para outra aula. Os alunos iriam
ser divididos em quatro grupos.
— Espero ficar no teu grupo — sussurrou Baxter.
Annie também esperava o mesmo. Tinha um novo amigo na escola. Escutaram com
atenção a divisão dos grupos e ficaram encantados ao descobrirem que ficaram no mesmo
grupo. Seguiram o resto do grupo até à sala de aulas e ocuparam os seus lugares. A aula
era de Braille 101.
— Não me lembro dessa aula na faculdade, e tu? — murmurou ele e Annie soltou uma
risadinha como uma garota.
Baxter era engraçado, irreverente e inteligente e Annie gostou dele. Não fazia ideia de
como ele era: alto ou baixo, gordo ou magro, negro, branco ou asiático. Só sabia que
gostava dele, que ambos eram artistas e que ele iria ser seu amigo.
No fim do dia, ambos se sentiam exaustos. Annie perguntou-lhe se ele queria boleia para
casa, caso morasse na zona norte da cidade, pois, sendo assim, ficava-lhe em caminho.
Baxter disse-lhe que tinha de apanhar dois autocarros e o metro para chegar a Brooklyn,
onde precisava de apanhar outro autocarro para chegar a casa.
— Como consegues fazer isso? — perguntou-lhe Anníe com admiração.
— Vou pedindo ajuda pelo caminho. Demoro cerca de duas horas a chegar aqui. Mas se
eu não vier para a escola, a minha mãe mata-me.
Annie riu-se com o que ele disse.
— As minhas irmãs também me matariam.
— Vais arranjar um cão? — perguntou-lhe Baxter. — A minha mãe acha que eu devo
arranjar um.
— Espero bem que não. Detesto cães. São barulhentos e cheiram mal.
— Neste caso, acho que eles ajudam muito — respondeu Baxter em tom prático. — E um
cão também pode ser uma boa companhia, quando eu for morar sozinho na minha casa.
Acho que não deve haver muita procura por tipos gays e cegos. Palpita-me que vou passar
muito tempo sozinho.
A voz de Baxter parecia triste quando disse isto e espelhava os receios de Annie em
relação às mulheres cegas. — Tenho pensado mais ou menos as mesmas coisas — admitiu

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