Danielle Steel - As Irmãs PT

melhor no mês seguinte.
— Pensei que talvez pudéssemos ir jantar depois do trabalho. Uma coisa simples, estás a
ver. De momento, só ando a comer comida vegetariana.
— Não me digas! — exclamou Tammy, tentando parecer interessada, nem que fosse
apenas para ser simpática. — Costumas levar clisteres?
Todos os tarados que Tammy conheceu em LA tomavam clisteres para se purgarem. Era o
primeiro indício para ter a certeza de que ele não era homem para si. Não queria sair com
um homem cujo trofeu fosse um saco de enema. Preferia entrar para um convento, e ao
ritmo a que as coisas iam, talvez isso acontecesse um dia. Era uma ideia que se tornava
cada vez mais atractiva.
— Não. Realmente não tenho esse hábito. Penso que na costa oeste são bastante maiores
do que aqui. Tenho um amigo que trabalha na Match Point que está sempre a fazer isso. E
tu também fazes, Tammy?
— Na verdade, não. Sou viciada em comida de plástico. O meu conceito de iguaria é KFC e
tenho um vício incrível de comer bombons recheados e bolos de creme às carradas.
Sempre fui assim desde criança. Os clisteres seriam um desperdício no meu caso.
— É uma pena — declarou Ed, pesaroso, e depois baixou a voz. —Já encontraste Jesus,
Tammy?
Onde? Debaixo da sua secretária? No sótão? Estaria Ed a gozar? Será que ela precisava de
"encontrá-Lo?" Não estava Ele em toda a parte?
— Acho que se pode dizer que já — respondeu Tammy com educação. — A religião
sempre foi importante para mim desde criança.
Tammy já não sabia o que dizer-lhe mais e, de certa forma, era verdade. Todas elas
andaram em escolas católicas quando eram crianças, mas Tammy já não era devota,
embora fosse crente.
— Mas és cristã?
O olhar de Ed era penetrante ao contemplá-la e Tammy esforçou-se por não fitar o cabelo
dele, que ainda por cima estava mal pintado. Anotou o facto mentalmente para não se
esquecer de lhe arranjar também um cabeleireiro decente. Não conseguia perceber como
ainda não se tinha dado conta de que a cor do cabelo dele era tão feia. Tammy
concentrara-se mais naquela trancinha pavorosa.
— Sou católica — respondeu Tammy com simplicidade.
— Não é a mesma coisa. Ser-se cristão é muito mais do que isso. É toda uma maneira de
pensar, de ser, de estar, de viver. Não é apenas uma religião.
— Sim, concordo contigo nesse aspecto.
Tammy tentou olhar para o relógio discretamente. Tinha uma reunião com a
administração dentro de quatro minutos, para evitarem uma greve. Era uma reunião
importante. Não podia faltar.
— Penso que deveremos falar sobre isso numa outra altura. Tenho uma reunião dentro de
quatro minutos.
— Com efeito. Então e se fôssemos jantar? Há um restaurante vegetariano óptimo na Rua
Catorze Oeste. Que tal esta noite?
— Eu... hem... não... lembras-te do meu lema? Nada de sair com homens do programa.
Nunca quebrei essa regra e tenho de ir para casa cuidar da minha irmã.