Danielle Steel - As Irmãs PT

(Carla ScalaEjcveS) #1

chegou mesmo a ensiná-lo a dançar. A minha mãe sempre sonhou em fundar uma escola
como esta. Fi-lo em sua homenagem quando ela morreu. Também temos aqui aulas de
dança. Danças de salão e ballet também. Devia experimentar um dia destes. Podia ser que
gostasse.
— Não, quando uma pessoa não pode ver — respondeu Annie com aspereza.
— As pessoas que frequentam essas aulas parecem gostar bastante — comentou Brad,
sem se intimidar. Reparou que Annie tocava na parte de trás húmida dos seus jeans.
Ficara ensopada com a queda e estava a pensar se deveria ir para casa.
— Não sei se sabe, mas nós temos um vestiário com roupas de reserva para situações
como esta. Sabe onde fica? — perguntou Brad e Annie acenou negativamente com a
cabeça. — Eu indico-lhe o caminho. Vai sentir-se desconfortável com esses jeans
molhados o dia inteiro — disse Brad com simpatia.
Brad tinha uma voz suave e calma e parecia ter sentido de humor. Havia sempre um toque
de riso sob as suas palavras. Annie achou que ele devia ser feliz e simpático. Assim, de
uma forma paternal. Annie perguntou-se quantos anos ele teria. Tinha um
pressentimento de que não devia ser novo, mas essa era uma pergunta que não podia
fazer.
Brad levou-a até ao piso superior, a uma arrecadação com prateleiras de roupa.
Costumavam doá-las a alguns dos seus alunos bolseiros, ou então usavam-nas em
incidentes como este. Brad examinou Annie com atenção e entregou-lhe um par de jeans.
— Acho que estes devem servir. Há um vestiário ali ao canto, com uma cortina. Eu espero
aqui. Há mais, se quiser.
Annie experimentou as calças, sentindo-se um pouco constrangida, pois os jeans eram
grandes, mas estavam secos. Annie saiu, assemelhando-se um pouco a uma órfã e Brad
soltou uma gargalhada.
— Posso dobrá-las para si? Se o não fizer, você vai tropeçar e cair.
— Claro que sim — respondeu Annie, continuando a sentir-se embaraçada.
Brad dobrou a bainha dos jeans para dentro e as calças ficaram óptimas.
— Obrigada. Tinha razão. Os meus jeans estão mesmo molhados. Estava a pensar em ir a
casa mudar de roupa à hora do almoço.
— Até lá já teria apanhado uma constipação — comentou Brad e Annie riu-se.
— Você parece a minha irmã. Ela está sempre preocupada em que eu me magoe, que caia
ou que adoeça. É como se fosse minha mãe.
— Isso não é uma coisa má de todo. Todos nós precisamos de uma mãe às vezes. Ainda
sinto saudades da minha e ela já morreu há quase vinte anos.
Annie falou em voz baixa quando respondeu.
— Eu perdi a minha em Julho.
— Sinto muito — disse Brad e pareceu sincero. — É muito duro.
— É verdade, foi muito duro — respondeu Annie com franqueza.
E o Natal iria ser muito difícil nesse ano. Annie sentia-se grata por ter conseguido superar
o Dia de Acção de Graças. Contudo, estavam todas a temer a chegada do Natal sem a
mãe. Haviam falado sobre o assunto enquanto repartiam entre si as roupas dela.
— Perdi os meus pais ao mesmo tempo — disse Brad, enquanto saía da arrecadação com
Annie e se encaminhavam na direcção da sala de aulas. — Num acidente de avião. Isso

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