Danielle Steel - As Irmãs PT

(Carla ScalaEjcveS) #1

queríamos coisas diferentes da vida. Ela queria uma carreira na televisão, como a sua
irmã. Eu queria uma família e filhos. Perdi os meus pais muito cedo e queria uma família
minha. Ela não queria. Agora parece engraçado, pois ela já tem filhos. No entanto, teve-os
todos nos últimos quatro anos. Divorciámo-nos há muito tempo. Eu tinha vinte e cinco
anos quando nos divorciámos, isso foi há catorze anos. Na altura, ficámos com muita raiva
um do outro. Ela sentiu-se pressionada. Eu senti-me traído. Crescemos em Chicago, mas
ela queria viver em LA e eu queria viver em Nova Iorque. Eu queria fundar a escola. Ela
detestou a ideia. Foram três anos muito desgastantes e terríveis para nós os dois.
— Então porque não voltou a casar?
— Por medo, por me sentir escaldado, por estar demasiado ocupado. Fundar a escola
exigiu de mim um imenso esforço e muito trabalho. Vivi com uma pessoa durante quatro
anos. Era uma grande mulher, mas era francesa e queria voltar para França. Sentia muitas
saudades da família. Eu já tinha criado a escola e não quis mudar-me. Acho que sou
casado com a escola há dezasseis anos. Ela tem sido a minha filha e a minha mulher. O
tempo voa quando gostamos do que fazemos e eu gosto.
Até certo ponto, Annie era capaz de entendê-lo. No entanto, as suas irmãs mais velhas
também se sentiam assim em relação ao trabalho, tal como ela sobre a sua arte. Isso não
excluiu o romance da sua vida, como aconteceu no caso de Tammy e, em certa medida,
com Sabrina. Ambas eram viciadas no trabalho e talvez ele também fosse. Paga-se um
preço muito alto por isso e, por vezes, as pessoas acabam por ficar sozinhas.
— E a Annie? Não há nenhum homem na sua vida agora? Annie soltou uma gargalhada
seca. Não namorara com mais ninguém desde Charlie, em Florença, e achava que isso
nunca mais iria acontecer.
— Tinha um namorado em Florença antes do acidente. Ele deixou-me por outra pessoa,
antes de saber que eu tinha ficado cega — disse Annie, sentindo-se sempre confortada
com essa ideia. — Eu achava que era sério, mas pelos vistos não era. Ou pelo menos não
era tão sério como eu pensei. E antes disso, só tive um namorado a sério depois da
faculdade. Sempre fui demasiado apaixonada pelo meu trabalho como artista, para
imprimir muita energia em qualquer outra coisa. Foi uma mudança tremenda, ter ficado
sem a minha arte.
Por um instante, Annie exibiu uma expressão desolada e depois encolheu os ombros e
olhou na direcção dele, apesar de não poder vê-lo. Mas Brad podia ver como Annie era
bonita e ela tocou o seu coração com a sua franqueza e a sua sinceridade. Não havia
artifícios nela.
— Há-de acabar por encontrar alguma coisa — afirmou Brad com simpatia.
Annie era diligente, trabalhadora, apaixonada e inteligente. Acabaria, por certo, por
encontrar o seu caminho mais cedo ou mais tarde. Brad não estava nada preocupado com
ela.
Pediram o jantar e continuaram a conversa. Ficaram sentados à mesa até o restaurante
fechar e depois Brad acompanhou-a a casa. Desta vez, Annie não o convidou para entrar,
porque era tarde e não se sentia preparada para isso. E era muito provável que as irmãs já
estivessem de pijama vestido e a relaxarem. Agradeceu-lhe pelo jantar e abriu a porta de
casa. Annie voltou-se quando estava prestes a entrar, sorriu-lhe e desejou-lhe um Feliz
Natal, desejando poder ver o rosto dele. As irmãs haviam-lhe dito que Brad era atraente.

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