Danielle Steel - As Irmãs PT

(Carla ScalaEjcveS) #1

Talvez ele também fosse um e apenas parecesse normal. Hoje em dia, como era possível
distinguir? Tammy já não tinha a certeza de conseguir detectar um homem normal, nem
que ele estivesse mesmo à sua frente.
— Não sei porque estou surpreendida. Acho que é porque a maioria das pessoas não sabe
o que dizer. A propósito, como foi em St. Bart's?
— Foi divertido. Vou para lá com a minha família todos os anos no Natal. Tenho três
irmãos e todos eles levam as mulheres e os filhos.
— Eu tenho três irmãs — disse Tammy a sorrir.
O quadro que John pintou da família era agradável e semelhante ao da sua, com a
excepção de que nenhuma das irmãs era casada nem tinha filhos.
— Eu sei. Você disse que se despediu do seu emprego para vir para cá tomar conta da sua
irmã. Fiquei bastante impressionado com isso.
Aliás, John ficou mesmo muito impressionado.
— O que lhe aconteceu?
Tammy já saíra da sala de estar com o telemóvel para falar com ele à vontade.
— Essa é uma longa história, mas ela está a superar tudo muito bem.
Ao dizer isto, Tammy apercebeu-se, de repente, que já iam a meio do período do contrato
de arrendamento e sentiu-se triste. Adorava morar com as irmãs. Talvez quando o
contrato actual expirasse, elas conseguissem encontrar outra casa. Não era provável que
nenhuma delas fosse para mais lado nenhum. Talvez morassem juntas para sempre.
Quatro solteironas numa casa. O único que parecia ter encontrado o verdadeiro amor nos
últimos tempos era o pai. E Annie parecia estar a dar-se muito bem com Brad. E Tammy
também gostou do rapaz que Candy conheceu no avião. A sua vida amorosa e a de
Sabrina iam de mal a pior. Com a sua, isso já acontecia há anos. Em sua substituição, tinha
um reality show.
— Disse que a sua irmã sofreu um acidente. O que aconteceu?
John parecia interessado. Talvez só estivesse curioso, mas conversar com ele era
agradável. Parecia ser um rapaz simpático. Era inteligente, atraente e tinha um emprego
relativamente importante.
— A minha irmã perdeu a visão. Foi muito dramático para ela. É uma artista, ou melhor,
era. Está a frequentar um curso especial de formação na Parker School para Invisuais.
— Que estranho — comentou John, parecendo pensativo. — Um dos meus irmãos é surdo
e todos sabemos linguagem gestual. Ele já nasceu assim. Deve ter sido uma tremenda
adaptação para ela quando perdeu a visão.
— Foi mesmo. Ela tem sido fantástica. E muito corajosa também.
— Ela tem algum cão-guia? — perguntou John com interesse.
— Não — respondeu Tammy a sorrir. — Detesta cães. Nós aqui em casa temos três. Cada
uma de nós, excepto ela, tem um, mas são cães pequenos, ou pelo menos dois deles são.
A minha irmã mais velha tem uma cadela basset chamada Beulah. Sofre de depressão
crónica.
John riu-se só de imaginar a cena.
— Talvez precise de um psiquiatra — disse ele em tom de brincadeira.
— Também temos vários desses por aqui.
— A propósito disso, lembrei-me de uma coisa. Agora diga-me a verdade sobre a Désirée

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