em Milão, ou em Tóquio, como no seu apartamento de luxo em Nova Iorque. Tammy
sempre dizia que Candy, no fundo, não passava de uma nómada. As outras eram de longe
muito mais ligadas às cidades onde moravam e ao lugar que moldaram para si mesmas
dentro dos seus próprios mundos.
Apesar de Candy só ser oito anos mais nova do que Tammy, parecia um bebé. E as suas
vidas eram incrivelmente diferentes. A vida profissional de Candy girava em torno de toda
a sua beleza — por mais modesta que ela fosse sobre isso. O trabalho de Tammy girava
em torno da beleza dos outros e da inteligência dela mesma. Apesar de ser uma mulher
muitíssimo atraente, nunca pensava na sua beleza e era por isso que nunca houvera
nenhum homem com uma relação séria na sua vida há mais de dois anos. Não tinha
tempo para os homens e era raro gostar dos que se lhe atravessavam no caminho. Os
homens que conhecia no mundo do espectáculo não eram o tipo de homem com quem
pretendesse envolver-se. Na sua maioria, eram excêntricos, egocêntricos e cheios de si.
Muitas vezes, Tammy sentia que agora era quase velha de mais para eles, que preferiam
sair com as actrizes. A maior parte dos homens que a convidava para sair eram casados e
mostravam-se mais interessados em enganar as mulheres do que em terem uma relação
séria com uma mulher solteira. Tammy não tinha paciência para aquelas parvoíces, para
as mentiras, para os narcisistas e, certamente, não estava interessada em ser amante de
ninguém. Além disso, os actores que conhecia pareciam-lhe demasiado excêntricos.
Quando chegou a Los Angeles pela primeira vez e começou a trabalhar no ramo, saiu com
uma série de homens, mas a maioria dos seus relacionamentos terminou da pior forma,
ou revelaram-se desilusões por qualquer razão. Fora apanhada em pelo menos uma dúzia
de armadilhas em encontros com homens que não conhecia. Agora, quando saía, por fim,
do escritório, sentia-se feliz por relaxar sozinha em sua casa na companhia de Juanita,
descomprimindo da loucura do seu dia de trabalho. Não tinha tempo nem energia para
gastar, aborrecendo-se de morte com qualquer fracassado num restaurante elegante,
enquanto este lhe explicava como o seu casamento era péssimo, como a sua quase
ex-mulher era uma louca e como os documentos do divórcio estavam prestes a sair a
qualquer momento. Os tipos solteiros e saudáveis eram difíceis de encontrar e, aos vinte e
nove anos, Tammy não tinha pressa de se casar. Estava, de longe, mais interessada na sua
carreira. A mãe todos os anos lhe recordava que o tempo passava a correr e que um dia já
seria tarde de mais. Tammy não sabia se devia acreditar nela, mas ainda não se mostrava
preocupada com esse assunto. De momento, encontrava-se no caminho mais curto rumo
a Hollywood e estava a gostar imenso, mesmo não tendo tempo para uma vida social ou
até mesmo para namoros. A vida era-lhe favorável nesse aspecto.
Cinco minutos depois da uma hora, Tammy pegou em Juanita e meteu-a na sua mala
Birkin, agarrou numa pilha de dossiês e no seu computador portátil e enfiou-os na sua
pasta. A sua assistente já havia enviado a mala dela para o carro que a aguardava lá em
baixo. Tammy não precisava de muita coisa para o fim-de-semana, apenas de alguns pares
de jeans e de umas T-shirts, de uma saia branca de algodão para a festa dos pais e de dois
pares de espadrilles Louboutin de tacão alto. Tammy exibia uma fileira de braceletes no
seu braço e, apesar da sua total ausência de esforço nesse aspecto, tinha sempre um ar
elegante, informal e na moda. Ainda era suficientemente jovem para parecer bem com
tudo o que usava. Juanita olhava em redor com interesse a partir do interior da mala e
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1