Danielle Steel - As Irmãs PT

(Carla ScalaEjcveS) #1

— Podemos vê-la antes da cirurgia? — perguntou Tammy ao médico do hospital e este
acenou que sim com a cabeça.
— Ela está bastante mal. Têm a certeza de que se sentem bem?
Sabrina e Tammy assentiram ambas com um aceno de cabeça e depois viraram-se para o
local onde o pai e Candy estavam sentados. Dirigiram-se a eles e perguntaram-lhes se
queriam ver Annie antes de ela entrar para o bloco operatório. Abstiveram-se de falar,
mas era possível que aquela fosse a última vez que um deles a visse com vida. O pai
limitou-se a abanar a cabeça e desviou a cara. Já estava a enfrentar mais do que conseguia
suportar e, além do mais, disseram-lhe que teria de identificar o corpo da mulher, que
estava lá em baixo na morgue. Candy olhou horrorizada para as duas irmãs mais velhas e
soluçou ainda mais alto.
— Oh meu Deus, não sou capaz... oh meu Deus... Annie... e a mãe...
A irmã mais nova estava completamente destroçada, o que não surpreendeu nenhuma
delas. Deixaram Candy e o pai na sala de espera e seguiram o médico até à unidade de
traumatologia, onde Annie se encontrava.
Estava numa área isolada por uma cortina com um emaranhado de tubos e de monitores
presos a ela. Fora entubada para poder respirar e o tubo fora bem fixo ao nariz. Quatro
enfermeiras e dois médicos internos estavam a cuidar dela, vigiando os seus sinais vitais
com muita atenção. A tensão arterial dela caíra e eles debatiam-se para mantê-la viva.
Tammy e Sabrina tentavam não atrapalhá-los, e o médico indicou-lhes onde deveriam
ficar. Só podiam vê-la uma de cada vez. O rosto de Annie sofrera graves lacerações e um
dos seus ossos malares estava partido. Ela apresentava cortes em várias zonas dos dois
braços, além de um ferimento profundo e feio num ombro, que estava nu. Sabrina
tocou-lhe ao de leve na mão e beijou-lhe os dedos, ao mesmo tempo que as lágrimas lhe
escorriam pelas faces.
— Então Annie... então, miúda... tu és capaz... tens de aguentar, minha querida, por todos
nós. Nós amamos-te. Vais ficar boa. Agora tens de ser-corajosa. Estamos todos aqui
contigo.
De repente lembrou-se de uma vez que levara Annie ao parque infantil quando tinha treze
anos e Annie cinco. Esta saltara para um balouço quando Sabrina não estava a ver, caíra e
partira um braço. Sabrina ficara doente por causa disso, e a mãe de uma amiga sua
levou-as até às urgências do hospital e daí telefonara à sua mãe. A mãe não ficou zangada
e não a repreendeu — ao invés, elogiou Sabrina por ter mantido o sangue-frio e levado
Annie para o hospital. Disse-lhe que também poderia ter acontecido se fosse ela a ter
levado Annie ao parque infantil. São coisas que acontecem às crianças. Disse-lhe que fora
uma lição para prestar mais atenção da próxima vez, mas que teria acontecido de
qualquer das formas. E elogiou Annie também por ser corajosa. Também não ralhou a
nenhuma delas por ter sido estúpida ou descuidada, nem a Sabrina por a irmã ter partido
o braço. Aquela foi uma das suas primeiras lições sobre quem a mãe de facto era, sobre
como ela lidava com as coisas e como ela era amorosa e gentil. Sabrina nunca se
esquecera desse episódio e recordou-se dele agora.
— Tens de ser corajosa, Annie. Tal como naquela vez em que partiste o braço.
Mas isto era muito pior e seria impensável se Annie perdesse a visão. Mas seria ainda pior
se ela perdesse a vida. Sabrina estava disposta a contentar-se com o resultado que fosSe,

Free download pdf