Danielle Steel - As Irmãs PT

(Carla ScalaEjcveS) #1

que ser ele a fazer isso.
Tammy hesitou antes de responder à pergunta do pai, procurando a melhor maneira de
dizer-lhe e, ao mesmo tempo, de aliviá-lo da culpa que sentia.
— Não acho boa ideia, pai — respondeu ela com franqueza. — Não me parece que a mãe
quisesse que nos lembrássemos dela desta maneira. O pai sabe como ela era e como era
bonita. A mãe não iria querer que o pai ficasse assim tão triste — disse Tammy com
doçura, mais uma vez reprimindo as lágrimas que, neste momento, surgiam a todo O
instante.
— Estás a dizer que não vou poder abraçá-la mais uma vez?
A pergunta do pai quase despedaçou o coração das filhas, pois a expressão de angústia no
olhar dele era ainda pior. Era um homem devastado pelo sofrimento. Ainda naquela
mesma manhã se mostrara o pai enérgico, atraente e jovial que sempre haviam
conhecido. E agora, de repente, numa questão de poucas horas, transformara-se num
homem velho, assustado e torturado. Era um espectáculo terrível de se ver.
— Pode, pai — explicou Sabrina — é claro que pode, mas acho que seria terrível para si e
para a mãe. Por vezes, não temos a oportunidade de nos despedirmos das pessoas que
mais amamos. Se a mãe tivesse morrido num desastre de avião, também não poderia
abraçá-la. Tudo o que resta agora é uma casca, não é a mãe, não é a Jane. Ela morreu, pai.
Se quiser mesmo despedir-se dela, pode fazê-lo. Ninguém vai impedi-lo. Só acho que não
era isso que a mãe iria querer.
A mãe dedicara toda a sua existência a tornar a vida feliz e mais fácil para ele — a última
coisa que ela ia querer era causar-lhe mais angústia neste momento.
— Talvez tenhas razão — concordou o pai em voz baixa, parecendo aliviado. Pouco tempo
depois, o médico chegou.
Foi maravilhoso para com Jim e as raparigas. Mostrou-se profundamente compreensivo,
compassivo e gentil. Entregou a Sabrina uma embalagem de Valium e disse-lhe para lhes
dar os comprimidos conforme fosse necessário. Achou que o pai delas beneficiaria se
tomasse um nesse momento e sugeriu que alguém o levasse para casa. Estava bem de
saúde, mas sempre sofrera de um leve sopro no coração e passara por muita coisa nesse
dia. O médico pôde constatar que Candy também estava desfeita. Já hiperventilara duas
vezes desde que ali tinham chegado e disse que se sentia como se fosse vomitar. Ficava
agoniada sempre que se levantava. Sabrina deu um comprimido a cada um deles com um
copo de papel cheio de água fria e conferenciou em voz baixa com Tammy, assim que o
médico desceu até ao piso inferior para ir reconhecer o corpo de Jane à morgue. O médico
perguntou às raparigas se haviam contactado alguma agência funerária, mas elas
responderam que ainda não tinham tido tempo para isso. Haviam vindo logo para o
hospital para verem Annie. Ainda não tinham telefonado para ninguém. Nenhum dos pais
tinha irmãos e os avós já haviam morrido todos há muitos anos. Toda a família estava no
hospital. Todas as decisões podiam ser tomadas ali mesmo, muito embora fosse óbvio que
Sabrina e Tammy estavam no comando da situação e fossem as que aparentavam estar
mais calmas, apesar de ambas se sentirem profundamente afectadas pelo sucedido. No
entanto, o pai e Candy estavam destroçados. Tammy e Sabrina não se deixaram ir abaixo,
por mais desfeitas que pudessem estar.
O médico dissera-lhes qual a agência funerária para onde deviam ligar e assim que ele

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