No entanto, Chris desconfiava de que não chegaria a tempo. A festa seria dentro de
quatro horas e ele iria levar pelo menos três horas a lá chegar.
— Vou para aí assim que puder — voltou Chris a dizer. — Amo-te, Sabrina.
Já estava a pensar em pedir uns dias no emprego, se pudesse. Era o mínimo que podia
fazer por ela, pois o funeral deveria acontecer nos próximos dias, o que seria pavoroso
para todos. Só esperava que Annie ficasse bem. Seria demasiado para aquelas raparigas.
Perderem a mãe já era suficientemente mau, além de ser um choque terrível. Perderem
Annie acabaria também por levá-las à loucura. Nem se atrevia sequer a pensar nisso. Nem
tão-pouco na possibilidade de ela sobreviver e ficar cega. Ainda por cima, para uma
artista. Só esperava que Annie conseguisse sobreviver, fosse em que condições fosse.
Sabrina telefonou primeiro para a empresa que abastecia a comida para cancelar tudo,
em seguida ligou para todas as pessoas da lista. Demorou quase duas horas e foi uma
tarefa quase insuportável. Teve de contar a cada pessoa o que sucedera.
E todos os seus amigos ficaram em estado de choque, assim que lhes contou. Muitos deles
ofereceram-se para irem até sua casa ver o seu pai, mas Sabrina disse-lhes que achava
que era demasiado cedo. O pai não estava em estado de ver ninguém quando saiu do
hospital. Ligou para casa várias vezes para falar com Tammy e esta disse-lhe que estavam
os dois a dormir profundamente, com a graça de Deus. O Valium surtira o seu efeito.
Tammy não tomara nada. Queria estar bem desperta, tal como Sabrina.
Eram seis horas da tarde quando Chris chegou, parecendo transtornado e preocupado
com Sabrina. Foi dar com ela sentada na sala de espera, olhando para o vazio, a pensar.
Naquele momento, Annie já estava a ser operada há quatro horas. O médico informou-a
de que estavam agora a meio das cirurgias e até ao momento estava tudo a correr bem.
Os sinais vitais dela estavam a manter-se estáveis, o que não sendo o ideal, pelo menos
não era mau. Ainda não haviam iniciado a cirurgia aos olhos e continuavam a operá-la ao
cérebro. Sabrina tentava não pensar no assunto, mas desfez-se em soluços nos braços de
Chris quando este chegou. Ficaram sentados os dois a conversar durante várias horas,
sobre a mãe dela, sobre Annie, sobre o pai dela e sobre todas elas. Havia tantas coisas em
que pensar e tão pouco que todos pudessem fazer naquele momento! Só lhes restava
esperar e rezar por Annie.
Em casa, Tammy telefonou de novo para a agência funerária e começou a tomar
providências e decisões. Contou a Sabrina que precisavam de lá ir de manhã para
escolherem o caixão. E também tinham de ir à igreja para marcarem um dia e uma hora
para o funeral, para escolherem a música e arranjarem uma fotografia da mãe para a
cerimónia. Era um pesadelo pensar nisso. Como era possível que aquilo estivesse a
acontecer-lhes? Mas estava. Era demasiado real.
Às oito horas, Sabrina mandou Chris para sua casa para ocupar o lugar de Tammy. Esta
dissera que o pai acordara e estava a chorar outra vez. Não sabia se haveria de lhe dar
outro Valium ou não. Candy ainda dormia profundamente.
Chris disse a Sabrina que lhes faria o jantar e Tammy poderia regressar ao hospital para
fazer companhia a Sabrina. Meia hora mais tarde, Tammy estava de volta e as duas irmãs
ficaram sentadas em silêncio na sala de espera, aninhadas uma na outra e de mãos dadas.
Mais tarde, ficaram abraçadas e mantiveram-se assim agarradas uma à outra. Parecia que
toda a proximidade entre ambas nunca era de mais, como se, ao ficarem assim, nada de
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
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