Danielle Steel - As Irmãs PT

(Carla ScalaEjcveS) #1

— O Charlie da Annie? Em Florença? — Tammy parecia surpreendida com a sugestão.
— Claro. Só achei que ele gostaria de saber. Acho que a relação deles ficou bastante séria
nos últimos meses. Annie diz que ele é um óptimo sujeito, sólido como um rochedo.
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Acho que ela estava a pensar em mudar-se para Nova Iorque com ele. A mãe tinha
esperanças de que isso acontecesse.
— Chegaste a conhecê-lo ou falaste com ele alguma vez? — perguntou Tammy e Sabrina
disse que não acenando a cabeça. — Nesse caso, acho que devemos esperar. Ainda não
sabemos de nada. As coisas podem melhorar bastante, ou podem piorar. Não vamos
perturbá-lo mais do que o necessário. Isto é muito duro para um rapaz que só namora
com a Annie há seis meses e, além disso, são jovens.
Sabrina anuiu com um aceno de cabeça. Também lhe parecia bastante razoável.
Eram quase dez horas da noite quando Annie acabou, por fim, de ser operada. Tinha
ficado quase oito horas no bloco operatório e, na opinião dos médicos, correra tudo bem.
Annie sobrevivera à cirurgia. Continuava ligada ao ventilador, mas iriam experimentar
retirá-lo dentro de alguns dias. Ela era jovem e forte e os seus sinais vitais eram bons,
mesmo durante a cirurgia. Conseguiram eliminar a pressão do cérebro e estavam
esperançados de que não houvesse quaisquer sequelas a longo prazo. Se ela recuperasse
a consciência em breve, isso seria um bom prognóstico para o seu futuro. Deram-lhes as
boas notícias em primeiro lugar. Contudo, Annie continuava em estado crítico, mas
segundo os médicos contaram às irmãs, o seu optimismo era algo moderado, dependendo
de como ela reagisse nas próximas quarenta e oito a setenta e duas horas. No entanto,
tinham esperança de que Annie sobrevivesse, sem sequelas permanentes no cérebro.
E em seguida, vieram as más notícias. Guardaram a pior parte para último lugar. O mais
importante era que Annie sobrevivera à operação e a cirurgia ao cérebro correra bem.
Mas o mesmo não acontecera com a cirurgia aos olhos. Os nervos ópticos haviam ficado
gravemente danificados e não podiam ser reparados. As lesões nos olhos de Annie eram
tão graves que nem mesmo um transplante poderia ajudá-la. Não havia dúvidas nem
esperança. Se Annie sobrevivesse, ficaria cega.
Tammy e Sabrina sentaram-se chocadas, em silêncio, quando souberam a notícia e não
proferiram um único som. Estavam demasiado aturdidas para se mexerem, até que
Sabrina falou por fim.
— Ela é uma artista muito talentosa — disse, como se isso fosse alterar o veredicto, mas
não era o caso.
O oftalmologista limitou-se a abanar a cabeça e disse-lhe o quanto lamentava. Achava que
Annie teria muita sorte se vivesse e elas concordaram. Mas que espécie de vida teria ela
se ficasse cega? Conhecendo-a como as irmãs a conheciam, não conseguiam imaginá-la e
desconfiavam que Annie preferia ter morrido a ficar cega. Tudo na vida dela estava
relacionado com a arte e com a visão. O que faria Annie sem tudo isso? Toda a sua
educação e toda a sua vida estavam ligadas à arte. Era terrível pensar nisso, mas perdê-la
por completo seria pior.
— Tem a certeza quanto à visão? — perguntou Tammy em voz baixa.
— Tenho a certeza absoluta — respondeu-lhe o cirurgião e saiu pouco depois, enquanto
as duas irmãs se sentaram de novo na sala de espera, sozinhas, de mãos dadas.

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