Danielle Steel - As Irmãs PT

foram-se embora passados poucos minutos. Todos eles aparentavam um ar exausto. Fora
um dia incrivelmente duro. O funeral da mãe, todos os convidados que foram lá a casa
depois e agora Annie acordara. Tudo num só dia.
— Quando é que lhe vão tirar as ligaduras? — perguntou Chris no caminho para casa.
— Penso que daqui a uma semana — respondeu Sabrina com uma expressão preocupada
no olhar.
Já telefonara para o escritório nessa manhã e iria tirar férias durante as próximas duas
semanas. Chris conseguira uma licença de quatro dias, por isso poderia passar o resto da
semana em Connecticut com ela. E Tammy fizera o mesmo, mas teria de regressar sem
falta na próxima segunda-feira. Não via hipótese nenhuma de ficar nem mais um dia.
Candy telefonara para a sua agência e pedira para ser retirada da sessão fotográfica no
Japão. Ficaram furiosos com ela, mas Candy teimou dizendo que estava demasiado
perturbada para trabalhar e explicou-lhes porquê. Por isso, poderiam ficar todos juntos e
ao lado de Annie pelo menos durante o resto da semana. Sabrina sabia que Annie iria
precisar de cada uma delas, talvez durante muito tempo, ou até mesmo para sempre.
Ainda não sabiam como seria no futuro. Primeiro, Annie teria de acordar, e agora que isso
já acontecera, precisavam de fazer planos. Sabrina ficou aliviada por Annie não se ter
referido a Charlie naquela noite. Ainda se sentia demasiado cansada, mas, mais cedo ou
mais tarde, iria perguntar. Ia ser mais um golpe que sofreria, ajuntar à morte da mãe e à
sua perda da visão. Não era justo que um ser humano fosse obrigado a enfrentar tantos
reveses. Sabrina faria qualquer coisa para lhe aliviar o fardo, mas ninguém podia fazer
nada. Nessa noite, ficaram todos sentados até tarde na cozinha, depois do pai se ter ido
deitar, quando Sabrina olhou para as irmãs de cenho franzido.
— Uh, oh — exclamou Tammy, provocando-a e serviu-se de outro copo de vinho.
Estava a começar a gostar das reuniões que partilhavam todas as noites, apesar da razão
por que ainda ali estavam. Estava a receber um enorme consolo das irmãs, muito maior
do que antes. Até mesmo os cães de cada uma delas estavam a começar a dar-se bem.
— Conheço essa cara — comentou Tammy ao mesmo tempo que sorvia um gole de vinho.
Todas as noites assaltavam a adega do pai, tal como faziam quando eram jovens. Nessa
altura, quando ele descobria, tinha um ataque. Tammy sorriu ao lembrar-se disso e
saboreou aquele vinho excelente. Fez questão de se lembrar de pedir ao pai que lhe
enviasse uma caixa de um bom Bordéus quando se fosse embora. Naqueles dias beberam
alguns dos melhores vinhos do pai.
— Tiveste uma ideia — declarou Tammy terminando o seu pensamento, olhando para a
irmã.
Sabrina estava com um ar de quem estava a magicar num plano. Antigamente, quando
elas eram pequenas, isso significaria algo de proibido, como, por exemplo, darem uma
festa quando os pais fossem passar o fim-de-semana fora. Costumava pagar cinco dólares
à Tammy para não dizer nada.
— Eu costumava ganhar dinheiro com essas ideias — explicou ela a Chris. — Então, qual é
a ideia desta vez?
— Annie — respondeu Sabrina em tom sucinto, como se eles pudessem ler-lhe o
pensamento.
—Já calculava. Mas o que tem ela?