Danielle Steel - As Irmãs PT

(Carla ScalaEjcveS) #1

CAPÍTULO 9


O enterro da mãe realizou-se na quarta-feira e foi o último ritual doloroso que a família
Adams teve de suportar. E tal como Sabrina lhe pedira para fazer, o padre realizou uma
cerimónia curta e comovente. As cinzas da mãe ficaram numa urna de mogno grande e
bonita. Nenhum deles gostava de pensar no facto de ela ter desaparecido das suas vidas e
de ter ficado reduzida a algo aparentemente tão insignificante e tão pequeno. O impacto
que ela causara nas vidas de todos fora enorme. Agora, iam deixá-la ali para ser sepultada
num cemitério ao lado de estranhos, no jazigo da família.
Não esperaram para ver a urna a ser descida à terra. Sabrina e Tammy concordaram, na
agência funerária, que ninguém iria tolerar a agonia daquela visão e quando consultaram
o pai, este mostrou-se de acordo.
O padre fez questão de salientar, durante a breve cerimónia, que agora todos tinham algo
para celebrar, a sobrevivência e, esperava-se em breve, a total recuperação da sua filha e
irmã Annie, que fora poupada ao mesmo destino da sua mãe no decurso do acidente do
dia Quatro de Julho. O padre não fazia ideia de que agora Annie estava cega, nem
tão-pouco o sabiam todos os presentes. As pessoas iriam tomar consciência disso mais
tarde, de forma gradual, quando a vissem, mas a família, por agora, mantinha o caso em
segredo. Para eles ainda era uma coisa muito privada e dolorosa e, acima de tudo, sê-lo-ia
para Annie quando ela descobrisse. Não faziam ideia de quando iriam contar-lhe e
preferiam discutir primeiro o assunto com os médicos. Sabrina estava com receio de lhe
contar cedo de mais e fazer com isso com que Annie ficasse gravemente deprimida, logo
depois de saber da morte da mãe, mas sabia que não podia esperar muito tempo, visto
que estava previsto tirarem-lhe as ligaduras da cirurgia lá para o final da semana. Nessa
altura, não havia como esconder-lhe tal facto. Além disso, o pai continuava a insistir que o
diagnóstico que lhe fizeram estava errado. Era inconcebível para ele que uma das suas
lindas filhas estivesse cega agora. Nos últimos cinco dias correra tudo tão mal! A sua
família, que nunca antes havia sido tocada pela tragédia, sofrera um duplo golpe, que os
aturdira e arrasara a todos.
A medida que cada uma das filhas ia abandonando a campa da mãe, deixava uma rosa
branca de caule comprido junto à urna de madeira que continha as suas cinzas e que se
encontrava assente numa base de apoio. O pai sentiu cada gesto como se fosse um golpe.
Ficou de pé, sozinho, junto à campa durante muito tempo e as filhas, em sinal de respeito,
deixaram-no lá; por fim, Sabrina voltou atrás até junto do pai e enfiou-lhe a mão no braço.
— Venha, pai, vamos para casa.
— Não consigo deixá-la aqui assim, Sabrina — disse ele com as lágrimas a rolarem-lhe
pelas faces. — Como pôde acontecer uma coisa destas? Todos a amávamos tanto.
— É verdade — concordou a filha limpando também as suas lágrimas.
Todos eles estavam vestidos com tristes fatos pretos, mas tinham um ar elegante e digno.
Sempre tinham sido uma família bonita, e agora, mesmo sem ela, continuavam a sê-lo. As
pessoas que os viam ficavam sempre tocadas com a sua beleza. Além disso, Jane sempre
fora a estrela luminosa e brilhante de Jim. Ele ainda não conseguia acreditar que ela havia
morrido.
— Talvez seja melhor assim — disse Sabrina baixinho, enquanto o pai ali continuava de pé

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