Danielle Steel - As Irmãs PT

susteve a respiração.
Era a primeira vez que lhe faziam essa pergunta, mas sim, de facto ela agora era
deficiente.
— Sim — respondeu Sabrina, medindo as palavras. — é cega — concluiu e, para Sabrina
foi difícil pronunciar essa palavra.
— Não deverá haver qualquer problema — declarou a consultora em tom prosaico. —
Tenho um primo cego que mora no quarto andar de um prédio sem elevador em Brooklyn
e safa-se muito bem. A sua irmã tem algum cão-guia?
— Hum... bem, de momento não tem, mas é bem capaz de vir a ter um.
Sabrina não quis dizer à funcionária que tudo aquilo acontecera apenas há alguns dias.
Ainda era muito difícil para ela falar sobre o assunto.
— Tenho a certeza de que o médico não se vai importar. Ele tem um cão-pastor inglês e
julgo que a mulher dele tinha um baixote. Não frisou nada sobre não querer cães na sua
casa. Ele quer apenas bons inquilinos que lhe paguem a renda em dia e que lhe cuidem da
casa.
A consultora sabia que Sabrina era advogada, financeiramente independente, e já antes
recebera dela as melhores referências. Isso era tudo o que precisavam de saber.
— Quando poderá ir ver a casa?
— Antes de segunda-feira não posso.
Iam tirar as ligaduras a Annie no dia seguinte e aquele iria ser um fim-de-semana
traumático. Sabrina precisava de estar por perto.
— Posso ir à cidade por algumas horas.
— Espero que a casa se mantenha vaga até então.
Sabrina odiava a maneira como os consultores imobiliários diziam aquelas coisas. Faziam
com que as pessoas sentissem que estavam prestes a perder o negócio das suas vidas, se
não agarrassem a oportunidade no espaço de uma hora.
— Talvez possa dar um salto até aí no domingo à tarde, mas não antes disso.
Sabrina não queria deixar Annie sozinha no dia em que lhe iriam tirar as ligaduras dos
olhos. Não iria, de forma nenhuma, abandonar a irmã naquele momento. Tinham proibido
todas as enfermeiras do piso de discutirem a cegueira de Annie na sua presença.
— Na segunda-feira parece-me bem. Penso que o médico disse que ia passar o
fim-de-semana fora, por isso mais ninguém poderá ir lá ver a casa. Às dez horas?
— Parece-me bem.
A consultora deu a morada a Sabrina e disse que iria confirmar para ver se havia mais
alguma outra coisa antes de se encontrarem na segunda-feira, mas voltou a frisar que, se
Sabrina não se importasse pelo facto de ser uma casa geminada, tinha quase a certeza de
que acertara em cheio. Além disso, o preço também era convidativo. Não dispunha da
segurança que a maioria das mulheres jovens desejava, com porteiro, mas também não se
podia ter tudo, como ela mesma sublinhou; em seguida, acrescentou que as casas e os
apartamentos eram como os romances. Ou a pessoa se apaixona ou não. Estava
esperançada que Sabrina se apaixonasse.
Sabrina deu a notícia a Tammy e a Candy quando desligou o telefone. O seu projecto
estava a ganhar forma, se a casa prestasse de facto para alguma coisa. Além disso, parecia
ser perfeita, a avaliar pela descrição da consultora imobiliária. Era quase bom de mais