nervosismo um pouco acima do normal. O cirurgião que operara Annie à vista deveria
chegar por volta das dez e meia. Nenhuma delas tivera a coragem de preparar Annie para
o que estava para vir. O médico encarregado do seu caso disse que deixaria isso a cargo
do cirurgião. Este estava habituado a lidar com esse tipo de coisas e saberia o que
dizer-lhe e como. Já sabiam que Annie deveria ter uma formação especial. Poderia ir
passar vários meses numa clínica de reabilitação para cegos, ou então poderia fazê-lo na
qualidade de doente externa. O que ela precisava agora era de meios de vida adaptados à
sua cegueira e, talvez até, se ela se dispusesse a isso, de um cão-guia. Sabendo como
Annie odiava cães, nenhuma das irmãs era capaz de imaginá-la a fazer isso. Annie sempre
afirmara que achava que os cães eram barulhentos, neuróticos e porcos. Um cão-guia
podia ser diferente, mas ainda era muito cedo para se preocuparem com isso. Ela teria de
aprender muitas outras coisas básicas primeiro.
Pelo menos, Annie não teria longos meses ou anos de cirurgias à sua frente, declarara
Sabrina no caminho para o hospital, procurando ver o lado positivo da coisa. Mas além
desse, não conseguia ver mais nenhum. Uma artista cega era o cenário mais deprimente
que poderia haver e todas elas tinham a certeza de que Annie também sentiria a mesma
coisa. Perdera a sua carreira e tudo aquilo para que estudara, além de ter perdido a mãe.
Torturara-se durante a semana inteira sobre o que deveria ter feito no acidente e como as
coisas poderiam ter sido diferentes se ela tivesse conseguido tirar o volante das mãos da
mãe, mas não tivera tempo para isso. Sentia a clássica culpa do sobrevivente, e as irmãs
disseram-lhe vezes sem conta, em vão, que não teria feito qualquer diferença. Tudo
aconteceu demasiado depressa. Garantiram-lhe uma e outra vez que ninguém a culpava,
mas era óbvio que Annie se culpava a si própria.
Annie estava deitada na cama tranquilamente e em silêncio quando as irmãs entraram no
quarto. Candy vestia uns calções curtos, uma fina T-shirt branca e sandálias prateadas e
fizera voltar várias cabeças quando entrou no hospital. Estava com um ar incrível, apesar
de Sabrina a ter censurado pela T-shirt transparente. Não achava que todos os
funcionários, médicos e visitantes do hospital precisassem de ver com nitidez os mamilos
da irmã.
— Oh, não sejas tão rígida. Na Europa toda a gente faz topless — resmungou Candy.
— Não estamos na Europa.
Candy fazia topless na piscina lá de casa, o que embaraçava Chris e o pai, mas Candy não
se importava que as pessoas vissem o seu corpo nu. Construíra a sua carreira exibindo o
seu corpo.
— O que traz a Candy vestido? — perguntou Annie com um sorriso malicioso.
Pôde ouvi-las a implicar umas com as outras quando as irmãs entraram no quarto e
Tammy pusera-a ao corrente, afirmando que se tivesse pago tanto pelos seus seios como
a Candy, estaria neste momento a vender bilhetes e a cobrar ingressos para amortizar o
investimento.
— Não traz quase nada vestido — protestou Sabrina — e o que tem vestido deixa ver tudo
à transparência —- concluiu e Annie riu-se.
— Ela pode dar-se a esse luxo — comentou Annie.
— Como te sentes? — perguntou-lhe Tammy enquanto as três se iam reunindo à volta da
cama, à espera do médico.
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1