Danielle Steel - As Irmãs PT

(Carla ScalaEjcveS) #1

— Bem, eu acho. Mal posso esperar para tirar estas ligaduras. O adesivo faz-me comichão
e já estou farta de estar aqui às escuras. Quero olhar para vocês — declarou Annie
sorrindo e as irmãs não disseram nada.
Sabrina deu-lhe um copo de sumo com uma palhinha e ajudou-a a guiá-la até aos seus
lábios.
— Como está o pai?
— Está bem, graças a Chris que o tem mantido ocupado. Acho que já consertaram todas
as portas lá de casa, já se certificaram de que todas as gavetas deslizam na perfeição e já
trocaram todas as lâmpadas. Não faço a mínima ideia do que eles andam a fazer, mas
parecem bastante atarefados.
Annie soltou uma gargalhada imaginando a cena. Depois, o médico chegou, passados
cinco minutos. Exalava um ar de confiança tranquila e sorriu ao olhar para as quatro
irmãs. Já as vira por várias vezes naquela semana e comentara que Annie era uma mulher
de sorte por ter um apoio familiar tão sólido. Disse também que nem sempre isso era
muito frequente entre irmãs. E percebeu que, agora, estava a enfrentar as quatro
raparigas, e não apenas uma, neste momento tão doloroso.
O médico disse a Annie que quando lhe retirasse as ligaduras, ela não iria ver nada de
muito diferente do que acontecia naquele momento. Assim que ele disse isso, Sabrina
susteve a respiração e Tammy estendeu o braço e apertou a mão da irmã. Era horrível.
Candy estava de pé ao lado delas.
— Porque não vou ver nada de diferente? — perguntou Annie franzindo o sobrolho. — Vai
demorar algum tempo até eu voltar a ver?
— Vamos tentar — disse o médico com calma e começou a retirar com todo o cuidado as
ligaduras que Annie tivera durante a última semana.
Annie perguntou-lhe então se teria de tirar alguns pontos e o médico respondeu que não.
Os pontos deveriam ser absorvidos pelo organismo e encontravam-se todos pela parte de
dentro. Naquela altura, muitos dos golpes na cara de Annie já haviam começado a sarar.
Apenas o corte profundo que tinha na testa provavelmente deixaria uma cicatriz, mas se
ela quisesse poderia tapá-la com uma franja. Ou então poderia corrigir isso um dia mais
tarde. Candy andara toda a semana a pôr óleo com vitamina no rosto da irmã.
Assim que as ligaduras de gaze foram removidas, a única coisa que restava eram dois
pensos redondos que lhe tapavam os olhos. O médico lançou então um olhar às irmãs de
Annie e, por fim, olhou para esta.
— Agora vou tirar os pensos dos olhos, Annie — disse ele com cuidado. — Quero que
agora feche os olhos. Faz-me esse favor?
— Sim — respondeu Annie num sussurro.
Annie teve o pressentimento de que algo se passava e de que as coisas não estavam bem.
Não sabia o que era, mas a tensão no quarto era palpável e não estava a gostar nada
disso.
O médico tirou os pensos e Annie fez o que ele lhe pediu e fechou os olhos. Então, o
médico protegeu-lhe os olhos com a mão e pediu a Sabrina que corresse as persianas.
Mesmo na sua cegueira, a luz solar poderia constituir um choque. Sabrina obedeceu e
todas esperaram, quando o médico pediu a Annie para abrir os olhos. Houve um
momento de um silêncio arrepiante no quarto. Sabrina estava à espera de que Annie

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